Comércio registra o melhor ano desde 2001

09/01/2009

O ano de 2004 foi o melhor do comércio varejista desde 2001, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começou a pesquisar dados sobre o setor. O volume de vendas cresceu 8,98% no acumulado de janeiro a novembro -em 2003, houve uma retração de 3,67%.

Em novembro, porém, o nível de atividade do segmento desacelerou. As vendas subiram 6,44% ante igual período de 2003. Em outubro, a expansão havia sido maior -8,39%.
“Há realmente uma acomodação do comércio. Há um limite natural para a expansão das vendas a prazo que vem alavancando o comércio”, disse Nilo Lopes de Macedo, economista do IBGE.

Já o resultado do ano trouxe ânimo aos varejistas, que nunca venderam tanto como em 2004, segundo o IBGE. Desde 2001, as vendas do comércio sempre tiveram taxas anuais negativas. Naquele ano, a queda foi de 1,57%. Em 2002, de 0,70%. Em 2003, o resultado foi ainda pior: -3,67%.
No ano passado, puxaram o comércio para cima os ramos cujas vendas dependem do crédito, que ficou mais barato e fácil de obter. Com a maior parte de suas vendas a prazo, o setor de móveis teve o melhor desempenho entre todos os analisados -alta de 26,95% de janeiro a novembro.

Já o ramo de super e hipermercados-cujas vendas dependem do aumento do poder de compra da população, e não do crédito- registrou uma variação bem mais modesta -6,62%. “Os dados do IBGE mostram ainda a robustez das vendas reais [descontada a inflação] do comércio em 2004”, afirmou Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Freitas estima que as vendas do varejo cresceram cerca de 9% em 2004, apesar da desaceleração do final do ano. Ele acredita que o comércio se manterá aquecido neste ano, embora o ritmo de expansão seja menor.
“Após um período grande de aumento das vendas reais do comércio em 2004, a tendência é que se tenha uma desaceleração no ritmo de crescimento em 2005”, prevê Freitas.
Para este ano, a expectativa é de um incremento de 4%, o que ele considera um número bastante positivo: “Acréscimos dessa magnitude sobre uma base [de comparação] forte [a de 2004] representam resultados favoráveis”.

Para Lopes de Macedo, do IBGE, a ampliação do crédito e os prazos maiores para pagamento deram impulso às vendas do comércio em 2004, estimulando especialmente o ramo de móveis e eletrodomésticos.
Ele destaca ainda que mais próximo ao final do ano os supermercados também se recuperaram, elevando suas vendas graças ao início da reação da renda do trabalhador.

Móveis e eletrodomésticos
Das cinco atividades pesquisadas em novembro, quatro registraram variações positivas. Móveis e eletrodomésticos, com uma alta de 22,44%, lideraram mais uma vez as vendas do comércio. Em outubro, a expansão havia sido de 19,43%.
Já o ramo de híper e supermercados teve uma desaceleração, embora a taxa tenha se mantido positiva -6,26% em novembro, ante 10,64% em outubro.
Só combustíveis e lubrificantes é teve um resultado negativo (queda de 0,03%). Uma das hipóteses é o aumento do preço dos combustíveis naquele mês, o que, em geral, deprime o consumo.
Em novembro, as vendas subiram em 26 dos 27 Estados pesquisados -só houve queda em Roraima (3,98%).

Folha online
20/1/2005