Com inspiração da Itália, empresário eleva marca de calçados de SC a uma das principais do país
09/07/2018
G1 SC
Com inspiração da Itália, empresário eleva marca de calçados de SC a uma das principais do país
Indústria de São João Batista começou com o pai, Ari Booz. Filho assumiu o negócio depois de buscar conhecimento e inovações e conseguiu ampliar faturamento.
O empresário Claudio Booz cresceu no meio de sapatos. Seu pai, Ari Booz, havia comprado uma indústria em São João Batista, na Grande Florianópolis, e com 5 anos a mãe já precisava ir buscá-lo dentro da fábrica para voltar para casa. A empresa começou com 8 funcionários e produção diária de 35 pares de calçado.
O pai conseguiu crescer um pouco, mas estagnou com uma produção de 100 pares por dia e 30 funcionários. Foi quando Cláudio decidiu buscar qualificação para trazer inovações à empresa. Conseguiu: depois de se formar no curso de modelista técnico e de buscar uma inspiração inicial na Itália, a Raphaella Booz se tornou uma das principais empresas calçadistas do país, atualmente com 30 lojas próprias, exportação para 22 países e uma média de produção de 500 mil pares de calçados por ano.
Depois que Claudio assumiu a administração, a empresa passou períodos de expansão e estagnação, mas foi com estratégias empreendedoras que ele conseguiu superar as crises, desde a primeira, quando retornou a São João Batista.
Havia saído da cidade na década de 1980 para estudar no Senai de Novo Hamburgo, polo calçadista no Rio Grande do Sul. Quando voltou, na década de 1990, conta que a empresa da família tinha uma dívida com o banco e seguia a mesma receita do início. Foi então que ele decidiu ir à Itália em busca de algo novo.
“Fui a Bologna e lá encontrei um modelo de sandálias de tiras leve, com sola de couro e verniz metalizado. Fiz um teste no mercado de importação e a entrega atrasou, os clientes reclamaram. Deu tudo errado, mas mesmo assim as lojas venderam tudo e queriam mais”, comentou o empresário. Esse era o "feedback" que precisava para começar a fabricar o modelo na empresa catarinense, com mercado já garantido.
As vendas do período deram um salto na empresa. Não só quitaram as dívidas, como passaram de 30 para 300 funcionários, com produção de 2 a 3 mil pares de calçados por dia. O período de expansão constante durou quatro anos, quando o dólar subiu e exigiu da empresa novas estratégias.
De acordo com Booz, a solução encontrada foi a abertura de uma uma nova marca, para conquistar um público consumidor diferente dos clientes da Raphaella Booz. “Foi quando lançamos a segunda marca, a Zabumba, um produto mais barato, com couro sintético”, explica Claudio, que chegou a vender 5 mil pares por dia com a nova marca. Em 2012, a Zabumba foi vendida e os esforços se voltaram novamente à Raphaella Booz.
Para fortalecer a marca principal da empresa, a estratégia foi a abertura de lojas próprias, processo que começou há cerca de 10 anos. A primeira foi inaugurada em Balneário Camboriú. Em 10 anos, são 30 lojas, a maioria no Brasil, mas também na Bolívia, Peru e uma que deve ser inaugurada em breve no Paraguai. Além disso, os produtos são exportados para outros 22 países.
Nos primeiros anos da crise econômica no Brasil, o empresário afirma que as vendas da Raphaella Booz caíram e precisaram demitir funcionários. Dos 300 iniciais, chegaram a 240 colaboradores. Além da crise, outro fator que afetou as vendas da marca foi a importação de produtos chineses, principalmente bolsas.
Este ano, porém, Booz já percebeu melhoras e a perspectiva de voltarem a crescer: “temos 102 anos de fabricação de calçados, um entendimento muito grande do negócio e uma equipe muito boa trabalhando”, afirma o empresário, que continua buscando inovações para fortalecer a marca e também buscando empreender para perpetuar a empresa.
Neste mês de abril, a empresa lançou uma nova marca, a All Mine, que pretende atender consumidores da classe D, com produtos mais baratos do que aqueles fabricados pela marca principal – a exemplo do que ocorreu com a Zabumba. Objetivo é investir e ampliar a venda nos canais exportação e multimarca. A meta é chegar a uma produção de 40 mil pares por mês apenas desta linha.
Além disso, os profissionais da Raphaella Booz seguem pesquisando tendências, permanecendo entre as principais marcas de calçados do país e conseguindo manter a produção no estado.
“Muitas empresas acabam terceirizando parte da produção na China, porque a concorrência no setor é muito grande. Mas nós estamos resistindo. Pra nós é um orgulho sermos 100% catarinenses, com uma produção independente que também é feita 100% em Santa Catarina”, finaliza ele.
Fonte: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/sc-que-da-certo/noticia/com-inspiracao-da-italia-empresario-eleva-marca-de-calcados-de-sc-a-uma-das-principais-do-pais.ghtml