Câmbio reduz exportações de alimentos em 16%

09/01/2009

São Paulo, 25 de Setembro de 2006 – Volume vendido ao exterior entre janeiro e julho deste ano somou 21,5 milhões de toneladas. As indústrias brasileiras de alimentos começam a calcular as perdas com a valorização do real ante o dólar. Entre janeiro e julho deste ano, o setor exportou 21,5 milhões de toneladas, queda de 16% em relação ao volume do mesmo intervalo de 2005, conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). Em dólar, as vendas cresceram 3,7%, para US$ 11,5 bilhões. “O resultado foi bem devagar”, disse o coordenador do departamento de economia da Abia, Denis Ribeiro.
O economista acredita em uma possível reversão desse cenário neste final de ano, mas se continuar nesse compasso o setor poderá ter crescimento zero. “Trabalhamos com a expectativa de empatar o valor em 2006, ou chegar a US$ 20,5 bilhões ou US$ 21 bilhões.” Neste último caso, se houver um fluxo de final de ano mais forte. Em 2005, as vendas externas cresceram 17,9%, para US$ 20,1 bilhões. Em volume, aumentaram 8,3%, com 44,6 milhões de toneladas.
Ribeiro observou que com o dólar valendo em média R$ 2,13 as empresas estão operando sem margens para cumprir os contratos externos. “Se uma grande montadora de carros tem problemas, imagina uma pequena ou média indústria de alimentos. É complicado. Quando o contrato de exportação vence, elas não renovam. O que é muito ruim para o Brasil, que perde confiabilidade, e para as próprias empresas, que investiram para conquistar seus clientes externos e agora têm de abrir mão deles.”
Entretanto, alguns setores se sobressaíram no ano. O segmento de açúcares e produtos de confeitaria cresceu 34,3%, favorecido pelo preço do açúcar, e ficou em US$ 3 bilhões no acumulado do ano até julho. Já as carnes embutidas e processadas tiveram um aumento de 44,3%, para US$ 670 milhões no período. “O problema é que tudo isso poderia ter crescido muito mais se o câmbio ajudasse.”
A pesquisa da Abia mostra que a produção do setor cresceu 3% entre janeiro e julho, comparada a da mesma fase de 2005. Nos últimos doze meses até julho, a alta foi de 3,3%. As vendas reais, descontada a inflação, subiram 2,6% até julho e 3,3% em doze meses. Para o ano cheio de 2006, o palpite de Ribeiro é que a produção fique entre 3,5% e 4% maior sobre a de 2005 (a entidade não revela os números), um pouco abaixo do previsto, e as vendas reais, entre 3% e 3,5%. O faturamento nominal (considerando uma inflação em torno de 3,5%) deverá crescer entre 6,8% e 7% este ano. Em 2005, foi de R$ 184,2 bilhões.
Para Ribeiro, o investimento das empresas neste ano deverá ficar abaixo dos cerca de R$ 8,5 bilhões de 2005. “Investimento sempre tem, mas como é um ano eleitoral as indústrias esperam por um definição para concluir seus orçamentos.”

Fonte:
Gazeta Mercantil
Iolanda Nascimento