Brasil subsidia pouco agricultores, afirma OCDE

09/01/2009

Relatório mostra que subsídios representam 3% do faturamento bruto de produtores brasileiros, contra a média de 30% dos países-membros da OCDE

EXAME O Brasil acaba de ganhar uma contribuição extra nas negociações para abrir os países desenvolvidos aos seus produtos agrícolas. Um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reconhece que a média de subsídios do Brasil aos agricultores é dez vezes menor que a praticada nos países mais ricos. Enquanto, os subsídios respondem por 3% do faturamento bruto dos produtos brasileiros, nos países da OCDE a média chega a 30%.
Mesmo nas culturas mais assistidas, como a do algodão, o subsídio gira em torno de 6% a 17%, taxas ainda baixas, se comparadas com as da OCDE. “O baixo nível de apoio aos produtores reflete a transformação radical da economia brasileira nos últimos 15 anos”, afirma o relatório divulgado nesta segunda-feira (31/10). Uma das mudanças foi o fim da política de substituição de importações no setor, que permitiu à agricultura se modernizar e crescer rapidamente. De tradicional exportador de produtos tropicais, como café e suco de laranja, o Brasil se transformou em fornecedor de várias commodities agrícolas, como açúcar, soja e carnes.

Com uma agricultura competitiva mundialmente, o Brasil será o maior beneficiário de uma redução geral das tarifas de importação de produtos agrícolas, diz a OCDE. Segundo estimativas da organização, se as barreiras de importação a esses artigos fossem cortadas pela metade, ao mesmo tempo em que os subsídios agrícolas dos membros da OCDE caíssem na mesma proporção, o Brasil teria um incremento de 1,7 bilhão de dólares em vendas agrícolas para o exterior.

A OCDE não destacou, porém, apenas os aspectos positivos da estrutura agrícola brasileira. A organização afirma que são necessárias mudanças na política do governo para o setor, com vistas a aumentar o apoio aos pequenos produtores rurais. O documento ressalta que mais de 60% da população rural ainda vive abaixo da linha absoluta de pobreza ou menos de meio salário mínimo por mês.

Fonte:
Portal Exame