Brasil só cresce se cortar gastos sociais, afirma Ipea em nota técnica

09/01/2009

SÃO PAULO – Os gastos sociais e previdenciários devem crescer menos que o Produto Interno Bruto (PIB). Pelo menos é o que recomendam os economistas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) em sua nota técnica “Expansão e Dilemas no Controle do Gasto Público Federal”.

Carga tributária aumenta e investimentos diminuem
Segundo o instituto, esse ajuste das contas públicas reduziria a carga tributária e aumentaria o investimento público. Hoje, no entanto, esse movimento seria inverso, apesar do esforço fiscal do governo federal, que desde 1999 vem gerando superávit primário.

Os gastos sociais, segundo o levantamento, teriam expandido 80% entre 2001 e 2005, principalmente por meio de programas de transferência condicionada de renda (como o Bolsa Família). “Esses programas de transferência de renda passaram de 0,7% do PIB em 2001 para 1,4% do PIB em 2005”, aponta o estudo.

Já os gastos com os benefícios do INSS passaram de 4,5% do PIB para 7,6% de 1991-1995 para 2005. A estimativa para este ano é de que os benefícios do INSS atinjam cerca de 7,8% do PIB, resultado do reajuste de 10% do salário mínimo neste ano.

Contraponto
Essa análise foi posta em xeque pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Segundo o integrante do instituto, José Antônio Moroni, o investimento governamental vem diminuindo em função dos juros altos, das metas em torno do superávit e da forma com que dívida pública vem sendo administrada. “A proteção do governo ao mercado financeiro mostra que ele é o seu maior fiador”, diz.

Para Moroni, a nota técnica do Ipea “mostra um discurso neoliberal, mais político que técnico”. E questiona: “Por que o estudo não recomenda diminuir o superávit primário para aplicar mais em investimentos?”.

Fonte:
Info Money