Brasil se prepara para forte alta de preços mundiais do café
09/01/2009
Os preços mundiais do café podem subir este ano entre 10% e 25%, estimulados pela forte baixa da produção esperada pelo Brasil para a colheita 2007/2008, segundo estimativas dos exportadores brasileiros.
“Com a redução significativa da safra brasileira, que acabará de ser colhida em 2008, há uma expectativa geral de insuficiência de café no mercado”, explicou à Efe o presidente do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga.
“Vai faltar café, a oferta global será menor que a demanda e isso vai se refletir principalmente na variedade arábica”, assinalou.
O preço da variedade robusta, que é a mais usada nas misturas solúveis vendidas nos mercados finais poderia subir entre 10% e 15%, estimou.
O Brasil é o principal produtor e exportador mundial de café, com 27 milhões de sacos (de 60 quilos cada um) vendidos em 2006. Também é o segundo consumidor mundial, atrás dos Estados Unidos.
“Não haverá uma explosão de preços, mas comparando com 2006 está prevista uma variação entre 15% e 25%, principalmente da arábica”, afirmou.
Os 27 milhões de sacos exportados em 2006, representam um aumento de cerca de 4% em relação a 2005.
Em dinheiro, é uma alta de 10%, chegando a aproximadamente US$ 3,250 bilhões, informou Braga.
Os números definitivos serão anunciados amanhã pelo Cecafé.
Para 2007, está prevista uma queda de 8% no volume das vendas, que será compensada com preços mais altos, por isso o otimista setor exportador espera um faturamento superior a US$ 3,3 bilhões, explicou o empresário.
Braga calculou que entre 20% e 30% do mercado internacional que não será atendido pelo Brasil em 2007 será aproveitado por outros grandes produtores como Colômbia, Vietnã e países da América Central.
Hoje não há grandes volumes excedentes e os estoques internacionais se mantêm nos níveis habituais de cerca de 20 milhões de sacos.
Esses estoques – que vêm diminuindo e antecipam altas de preços contribuindo para a firmeza do mercado – serão utilizados, explicou.
As colheitas de café costumam ser cíclicas e depois de um ano de forte produção como o de 2006 vem um de baixa.
Para o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea), a oferta apertada “deve sustentar os preços do arábica em 2007”, principalmente nos primeiros meses do ano.
O indicador Cepea para o grão registrou uma alta de 8,26% em dezembro em comparação com novembro e de 17,41% em relação a dezembro de 2005, apesar do aumento da produção brasileira em 2006.
Em dezembro, o saco médio do arábica ficou em torno de R$ 291, (aproximadamente US$ 136) segundo os cálculos do Cepea.
Ontem o saco para entrega em março fechou em US$ 144 na Bolsa de Valores de São Paulo.
O preço da variedade robusta aumentou 6,64% em dezembro em relação a novembro, para US$ 100 o saco.
“Nem mesmo a chegada da colheita do Vietnã – maior produtor mundial de robusta – ao circuito comercial pressionou as cotações do grão, que se mantém firme devido ao baixo volume de café armazenado nas fábricas dos principais países consumidores”, informou um boletim do Cepea divulgado na segunda-feira.
Em dezembro, o Ministério de Agricultura e Pecuária avaliou que a colheita brasileira de café 2007/2008 deverá ficar entre 31,074 e 32,341 milhões de sacos, com uma queda de 26,9% para 23,9% em relação à temporada 2005/2006 (42,5 milhões de sacos).
Além da variação natural dos cultivos, a seca durante a época de floração contribuirá para a diminuição da safra, segundo o escritório oficial.
Fonte:
A Tarde online