Brasil perde de emergentes há 15 anos

09/01/2009

GENEBRA, Suíça – A economia brasileira já está há mais de 15 anos patinando para tentar acompanhar o ritmo de crescimento do PIB da China, Rússia, Índia, África do Sul e México.

O levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com as 35 maiores economias do mundo mostra que, desde o início dos anos 90, o crescimento médio anual brasileiro foi de 2,9%.

O Brasil pode ter revisto o cálculo de seu Produto Interno Bruto (PIB) e, com isso, elevado sua participação entre os maiores mercados do mundo. Mas, o levantamento da OCDE deixa claro que o país tem um longo caminho a percorrer para superar suas deficiências na área econômica e social.

Para avaliar a situação das 35 maiores economias do mundo – os 30 países desenvolvidos e China, África do Sul, Índia, Rússia e Brasil –, a OCDE publicou ontem uma coletânea de mais de 150 indicadores econômicos e sociais para permitir uma comparação nos níveis de desenvolvimento de cada economia.

Os dados mostram que os desafios para o Brasil ainda são significativos. A população cresce a taxas mais elevadas que a média dos países ricos, mas o desempenho do PIB há mais de uma década não consegue acompanhar os países emergentes.

Ao mesmo tempo, o país sofre com uma falta de cientistas e pesquisa, tem um das piores taxas de cidadãos com grau universitário e sérios desafios na área ambiental e social.

A taxa de 2,9% ao ano do Brasil é um pouco superior à média dos países ricos, que tradicionalmente crescem a um percentual menor que os emergentes diante do tamanho de suas economias.

Entre 1992 e 2005, o aumento do PIB das economias desenvolvidas foi de 2,6%. Enquanto a Coréia e Irlanda apresentaram aumentos de mais de 5% por ano em média em suas economias, outras como Alemanha, França, Itália e Japão cresceram menos de 2%.

No caso do Brasil, porém, o país ficou atrás de todos os países emergentes avaliados pela OCDE. A China apresentou um crescimento médio de 9,7%, seguido pela Índia com 6,5%, Rússia e Turquia com 3,8%, México com 3,1% e a África do Sul com 3%.

O Brasil chegou a ter anos de crescimento elevado, como 1994 quando registrou uma alta de 5,9%. Mas em média teve um desempenho nos últimos 15 anos inferior ao Reino Unido, Espanha, Noruega, Grécia e Estados Unidos, que cresceram 3,2%.

Um dos fatores que é considerado como problemático no país é o nível de investimentos internos em formação de capital, seja na compra de máquinas e equipamentos, seja na construção de novas instalações para fábricas. No geral, os investimentos nessa área representam 21% do PIB nos países ricos.

No Brasil, a taxa foi de 19,9% em 2005, contra mais de 43% na China, 27% na Irlanda e 29% na Espanha. O que também preocupa aos economistas da OCDE é que a taxa brasileira tem se mantido inalterada desde 1992.

No que se refere aos investimentos externos à economia brasileira, o país foi o 12º maior destino entre 2003 e 2005 de recursos estrangeiros. No ranking, os americanos são os primeiros, seguido pelo Reino Unido e China. Os investimentos registraram US$ 15 bilhões em 2005.

No que se refere ao comércio, a OCDE destaca que o Brasil apresentou o menor crescimento em termos de importações entre 1992 e 2005. De outro lado, o Brasil apresentou o oitavo maior crescimento de exportações entre os 35 países avaliados. (Agência Estado)

Emissão de CO2 crescerá 70,5% no país até 2030

GENEBRA – As emissões de dióxido de carbono do Brasil à atmosfera aumentarão em 70,5% até 2030. Segundo as estimativas coletadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de aumento no país será superior à média mundial nos próximos 25 anos, que será de 52%.

Apesar da constatação, as taxas que o país atingirá em 2030 serão inferiores às emissões de hoje de países como Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Canadá e Alemanha. Segundo a OCDE, as emissões aumentaram no mundo em 88% desde 1971.

No caso do Brasil, o país registrou emissões de 323 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) em 2004 por conta da produção e consumo de energia. Em 1990, essa taxa era de 193 milhões de toneladas, contra apenas 91 milhões em 1971.

Apesar do crescimento, os gases lançados hoje pelo Brasil são equivalentes a toda a emissão da Espanha, que tem um quinto da população brasileira. Para 2030, a estimativa é de que o país esteja lançando 551 milhões de toneladas de CO2.

Um nível ainda bem abaixo dos Estados Unidos, com 7,1 bilhões de toneladas, 2,5 bilhões da Índia e 1,8 bilhões de toneladas de CO2 da Rússia. Mas a grande preocupação da OCDE é com a China, com a estimativa de lançar 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono até 2030.

Desde 1971, as emissões no país crescem a uma taxa de 5,5% ao ano. O resultado disso é que os chineses hoje já poluem mais que toda a Europa, com emissões de 4,7 bilhões de toneladas, contra 5,8 bilhões dos americanos e 3,8 bilhões da Europa.

Segundo a OCDE, os chineses contribuirão para que, até 2030, as responsabilidades entre países emergentes e ricos mudem no que se refere à proteção ambiental. Em 1971, os países ricos eram responsáveis por 66% das emissões. Em 2004, passaram a 49%.

Hoje, as emissões de gás chegam a 26 bilhões de toneladas no mundo, dos quais 12,9 bilhões vem dos países ricos. Em 2030, dos 40 bilhões previstos, apenas 15 bilhões virão dos países desenvolvidos.

25% virá da China. O setor fabril brasileiro é bem concentrado na indústria de base e pesada, que requerem grandes complexos e são bem mais poluentes. Como os investimentos nesse tipo de fábrica são maiores, a emissão de gás CO2 deverá crescer nas mesmas proporções. (Agência Estado)

Explosão demográfica é a quinta maior e preocupa

GENEBRA – O Brasil continua com uma taxa de crescimento demográfico bem acima da média dos países ricos, que começam a rever suas políticas para evitar que, em 25 anos, um quarto da população tenha mais de 65 anos de idade.

Os dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que a taxa de fertilidade nos países ricos já está abaixo do índice de reposição da população e que apenas a imigração pode compensar agora a falta de mão-de-obra.

Segundo a OCDE, o crescimento da população brasileira em 2005 foi de 1,4% contra 0,69% em média nas economias desenvolvidas. Entre 1992 e 2005, o Brasil ainda apresentou o quinto maior crescimento entre os 35 países avaliados pela entidade. O aumento no Brasil foi de pouco mais de 1,5% por ano.

A taxa, porém, vem caindo. Em 1992, o crescimento demográfico era de 1,66%. O maior crescimento entre as 35 principais economias do mundo foi registrada na Índia, que em breve terá a maior população do mundo e superando a chinesa. A média de crescimento desde 1992 foi acima de 1,8% por ano.

Já a Rússia vem enfrentando um crescimento negativo na última década que tem assustado as autoridades. Nos países ricos, o crescimento médio desde 1992 foi de apenas 0,7%.

A taxa de fertilidade passou de 2,7 crianças por mulher em 1970 para apenas 1,6 em 2004. A taxa mínima para que haja uma reposição da população é de 2,1 crianças por mulher. No Brasil, a taxa de fertilidade hoje é de 2,3, contra 2,69 em 1991. (Agência Estado)

Baixo investimento em pesquisa e cientistas

GENEBRA – Apenas um a cada mil pessoas que trabalham no Brasil é um cientista. Os dados coletados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertam que o país está entre os últimos colocados no que se refere à pesquisa e desenvolvimento em comparação às principais economias do mundo.

Hoje, 3,6 milhões de cientistas trabalham nos países ricos. Dois terços deles estão trabalhando no setor privado. Em alguns países como a Finlândia, o número chega a ser de 17 cientistas para cada mil trabalhadores.

Nos Estados Unidos, são quase 10. Na avaliação da entidade, investimentos em pesquisa e formação de cientistas são questões fundamentais para garantir o crescimento das economias.

O resultado pode ser visto no volume de patentes registrado por países. Finlândia, Japão e Suíça, por exemplo, registram 120 vezes mais patentes que o Brasil a cada ano. O impacto também é sentido no comércio.

O Brasil exporta apenas US$ 4 bilhões em produtos eletrônicos, contra mais de US$ 180 bilhões da China. A OCDE admite que os números sobre o Brasil podem estar subestimados.

Mas uma correção ainda colocaria o país longe das economias desenvolvidas. Na média, existem 6,9 pesquisadores para cada mil pessoas nas 30 principais economias do planeta.

Líder
No entanto, o Brasil manterá a liderança entre os países emergentes no que se refere à produção de energias renováveis pelos próximo 25 anos. Até 2030, o país manterá em cerca de 40% as fontes de energia de origem renovável, em parte graças ao etanol.

Essa manutenção do papel das energias renováveis continuará apesar de uma demanda cada vez maior por energia no país.

Segundo os dados coletados pela OCDE, a produção de energia primária (petróleo e carvão) aumentará em 75% no país até 2030. Já outros países emergentes não conseguirão seguir os mesmos padrões brasileiros. (Agência Estado)

Previsão para PIB de 2007 não é alterada

BRASÍLIA – A revisão nas contas nacionais e a melhora da previsão do Banco Central para o crescimento da economia não foram suficientes para o mercado financeiro ficar mais otimista em relação à expansão do PIB. Para este ano, a expectativa dos analistas passou de 3,50% para 3,51%.

Já para 2008, a revisão foi de 3,55% para 3,6%. A alteração promovida pelo IBGE na metodologia de cálculo das contas nacionais elevou as taxas de crescimento da economia entre 2002 e 2006. A do ano passado, por exemplo, passou de 2,9% para 3,7%.

Já o BC elevou em seu “Relatório de Inflação” a expectativa de crescimento da economia de 3,5% para 4,1% neste ano. Em relação à inflação, a previsão dos analistas apresentou um leve recuo, de acordo com o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC.

A projeção para o IPCA passou de 3,87% para 3,86%. O índice é utilizado pelo governo no sistema de metas de inflação, que é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. (Folhapress)

Fonte:
Jornal O Tempo