Brasil ganha destaque entre países emergentes

09/01/2009

SÃO PAULO, 31 de maio de 2007 – Com a aproximação da obtenção do grau de investimento e a queda do risco-País, o Brasil tem atraído cada vez mais os aportes de investidores estrangeiros, superando até mesmo outros países emergentes que fazem parte do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Segundo o gestor de renda variável dos fundos offshore do banco HSBC, Luiz Ribeiro, o fundo Brasil vendido no exterior tem apresentado aumento significativo de captação, superando até mesmo as aplicações no fundo BRIC do banco, em que os ativos do País representam cerca de 30% da carteira. ‘Só este ano o fundo Brasil já captou US$ 350 milhões até abril e tem atraído grande demanda principalmente de instituições de private banking da Europa’, diz Ribeiro.

O fundo Brasil acumula valorização no ano de 24,5% em dólar e patrimônio de US$ 1,5 bilhão. A captação do fundo até abril aumentou 25% enquanto a do fundo BRIC subiu 6,5 %.

O presidente do BNP Paribas Asset Management, Marcelo Giufrida, também confirma a maior procura por ativos brasileiros. Os fundos com foco na América Latina e Brasil lançados recentemente pelo banco têm apresentado captação superior ao do fundo BRIC, em que o Brasil representa um quarto da carteira.
O BNP Paribas possui dois fundos com foco Brasil e dois com foco na América Latina. O último fundo Brasil lançado em dezembro de 2006 para distribuição global, já acumula captação de US$ 250 milhões, semelhante à captação do último fundo Latan, em que o Brasil representa 50% da carteira, lançado pelo banco em abril de 2007 para distribuição na Coréia do Sul, que está com US$ 250 milhões. Já o fundo BRIC, lançado em abril de 2006, apresenta captação de US$ 220 milhões.

Para Giufrida, a recente reavaliação do rating brasileiro pelas agências de classificação de risco, a revisão do crescimento do PIB brasileiro e a valorização das ações no mercado interno têm atraído o interesse dos investidores estrangeiros para aplicar em papéis brasileiros. Ele ressalta que o Brasil tem ganhado destaque inclusive dentro dos fundos para a América Latina. ‘O Brasil apresenta uma perspectiva muito boa em comparação com outros países latino-americano, uma vez que os investidores têm visto o desempenho do México muito atrelado à economia norte-americana e o do Chile às commodities’, afirma.

Para Ribeiro, com a desaceleração da economia dos países desenvolvidos, os investidores estrangeiros têm buscado mercados que oferecem maior retorno, e o Brasil chama atenção por apresentar ativos com preços ainda muito atrativos. “A relação preço/lucro dos ativos brasileiros ainda é a mais baixa entre os países do BRIC, o que deve atrair os investidores”, afirma.
Ele ressalta que essa demanda deve continuar alta, uma vez que o mercado de capitais no Brasil ainda tem espaço para crescer, apesar do índice da bolsa brasileira já estar se aproximando dos patamares das bolsas emergentes. Um dos fatores que apontam que o preço dos ativos brasileiros estaria com desconto em relação aos papéis de outros países emergentes é a sua relação preço/lucro (P/L).

Segundo Ribeiro, o P/L do Brasil em dólar está hoje em 12, enquanto o P/L da China é de 16,17, da Índia 13,8% e da Rússia 10,3. Além disso, a expectativa para crescimento do lucro das empresas no Brasil é de 25% em 2007, enquanto a média para mercados emergentes é de 9%. ‘O Brasil apresenta um preço dos ativos ainda baixo e com grande potencial de valorização comparado a outros mercados emergentes’, ressalta Ribeiro.

Ele destaca que os fundos tendem a antecipar suas aplicações para antes da chegada do investment grade, para elevar seus ganhos com a valorização dos ativos. Segundo um estudo do Citibank, o retorno médio no período seis meses antes da obtenção do grau de investimento por um país é 31% acima da média do mercado.

Para Ribeiro essa demanda alta por ativos brasileiros tende a se manter pelo menos pelos próximos 18 meses, caso não ocorra grandes correções no mercado externo.

Fonte:
Silvia Regina Rosa
InvestNews