Brasil fica estagnado e em má posição em ranking de competitividade realizado pela Fiesp

09/01/2009

SÃO PAULO – O Brasil ficou estacionado na 38a posição no ranking de competitividade que leva em conta indicadores de 43 países, referentes ao ano de 2005. A colocação está situada no pior dos quatro quadrantes estabelecidos entre os países analisados. O Índice de Competitividade (IC), elaborado e divulgado hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), revela que em uma escala de 0 a 100, o Brasil marcou 17,4 pontos, abaixo de países como México (23,2 pontos), Argentina (37,9 pontos) e Venezuela (26,4 pontos).

Problemas como carga tributária elevada, alto custo do dinheiro e evolução dos gastos do governo são apontados pela entidade como principais impeditivos para elevar as taxas de investimento e de crédito no país, o que melhoraria significativamente a capacidade de competir do Brasil. “Se quisermos produzir espetáculo do crescimento é preciso fazer reformas com rapidez”, acrescenta José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade da Fiesp, responsável pelo levantamento.

Embora tenha superado a Índia (14,8 pontos), o Brasil continua bem distante de concorrentes importantes como Rússia (42,2 pontos) e China (42,7 pontos). Os Estados Unidos lideram o ranking com folga, marcando 93,9 pontos. Foram estudadas 83 variáveis que influenciam a competitividade nos países, sendo que das oito principais, o Brasil se revelou suficientemente bom apenas em uma: Comércio Internacional.

Nos demais, como gastos do governo, crescimento econômico, infra-estrutura, tecnologia, educação, produtividade e custo de capital, o desempenho verificado em 2005 ficou bastante aquém do desejável, em muitos casos abaixo da média geral de países com pontuação tão baixa quanto a do Brasil.

O levantamento divide os 43 países em quatro quadrantes, de acordo com o nível de competitividade. O Brasil está no pior deles, o de Baixa Competitividade, com parceiros que indicam entre 0 e 31,1 pontos. No patamar seguinte, onde entram China, Rússia, Argentina e Chile, entre outros, a pontuação de Média Competitividade vai de 36,4 pontos a 50,6 pontos. As nações com Competitividade Satisfatória são enquadrados no patamar entre 52 ponto e 66,9 pontos. Acima desse nível entram aqueles países de Competitividade Elevada, como Israel (67, 1 pontos), Cingapura (73,2 pontos) e Japão (76,3 pontos), além dos Estados Unidos, no topo da lista.

Embora os números estudados sejam de dois anos atrás – e de lá para cá algumas melhorias já tenham sido implementadas para elevar a competitividade no país – o indicador tem simulações para o nível de competitividade deste ano, com dados disponíveis até o momento, em que o Brasil avança dos 17, 4 pontos para 21,9 pontos, mas continua estagnado na 38ª posição. Isso porque o México, na 37ª colocação tem 23,2 pontos.

Roriz acredita que é preciso um esforço aplicado para que o Brasil saia salte para o nível superior e possa ter condições similares a outras economias emergentes. “Temos a impressão de que fizemos muitas coisas, mas nossa evolução é muito baixa se comparada a de outros países” diz.

Entre desafios a serem enfrentados, o dirigente afirma que algumas ações são urgentes. Na área de Custo de Capital, a redução do spread bancário e das taxas de juros, por exemplo, elevariam a taxa de crédito ao setor privado. Na área do Governo, a contenção dos gastos e a redução da carga tributária resultariam em mais investimentos na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e em maior poupança doméstica.

Não menos importante, segundo Roriz, seria a ampliação de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimentos, tecnologia e infra-estrutura, além de ações mais eficazes em setores como saúde e educação. Segundo a entidade, medidas nesse sentido permitiriam que o país avançasse para 44,2 pontos no Índice de Competitividade.

Fonte:
Bianca Ribeiro
Valor Online