Brasil está mais distante de Rússia, China e Índia

09/01/2009

SÃO PAULO, 1 de setembro de 2006 – O fraco desempenho do PIB brasileiro no primeiro semestre afasta ainda mais a performance do País em relação aos demais integrantes do grupo que ficou conhecido como BRICs e inclui, pela ordem da sigla, Rússia, Índia e China.

Comparado a outros países da América Latina, caso o Brasil cresça perto de 3% esse ano, como já se especula no mercado, será o penúltimo de um grupo de 18 que tiveram o desempenho estimado pelo FMI para 2006.

O País, que empresta a primeira letra do nome do BRICs, vem jogando para baixo a média de crescimento do grupo.

Entre 2001 e 2005, os quatro países cresceram 6,1% em média ao ano, taxa que sobe para 7,3% excluindo os resultados brasileiros, conforme levantamento feito pela Austing Rating. Os dados do primeiro semestre do ano e as projeções feitas por entidades como o FMI indicam que isso deverá se repetir esse ano.
Enquanto o Brasil registrou avanço de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, a economia chinesa avançou 10,9%.

Levantamento de dados feito pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) mostra estimativas para crescimento do PIB da Índia em 8,4% e da Rússia em 6% no semestre. Nas projeções para o ano feitas pelo FMI, os demais integrantes do grupo também deverão avançar.

As estimativas do FMI indicam que a China poderá crescer 9,5% este ano, a Índia 7,35 e a Rússia 6%. Os resultados da economia chinesa ao longo dos primeiros seis meses do ano já levaram analistas de mercado a cogitar elevar as projeções de crescimento para o ano.
No caso brasileiro, a divulgação ontem do PIB trouxe preocupações sobre a possibilidade de o País avançar os 3,5% esperados pelo mercado e elevou apostas para um crescimento mais próximo de 3%.

Caso o País avance 3,5%, ficará na 14ª colocação entre 18 países latino-americanos, que tiveram seus crescimentos estimados pelo FMI para 2006. Se o Brasil avançar 3%, será o penúltimo colocado no ranking, liderado pela Argentina, que tem projeção de crescimento de 7,3%, Venezuela (6%), e Chile (5,5%).

O coordenador do Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Licha, diz que os países emergentes crescerão 6,5% este ano e o mundo, 4,9%.
O economista argumenta que os outros países do BRICs têm taxas de investimentos altas, acima de 30% do PIB, superando a brasileira, que tem oscilado nos últimos anos entre 18% e 20%.

De forma simplificada, esses países apresentam elevada taxa de poupança, consomem menos, o câmbio é mais alto, exportam mais e investem mais. ‘Eles conseguem ter um nível de exportação muito alto, são liderados pela demanda externa, mas em contrapartida tem de ter um consumo interno baixo. Isso é um estilo de desenvolvimento’, explica. (O Estado de S. Paulo)

Fonte:
O Estado de S. Paulo