Brasil e Itália formam grupo empresarial para destravar acordos internacionais

02/07/2010

Os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) do Brasil, Miguel Jorge, e do Desenvolvimento Econômico da Itália, Adolfo Urso, durante encontro empresarial, nesta terça-feira (29), na Fiesp, decidiram formar um grupo de empreendedores dos dois países para acompanhar e incentivar os investimentos mútuos entre eles.

De acordo com o Miguel Jorge, o grupo servirá, principalmente, "para destravar algumas dificuldades que ainda existem entre os nossos acordos. E incentivá-los neste momento é de extrema relevância para ambos".

Como revelou, a Itália já é o principal parceiro brasileiro no ciclo de desenvolvimento sustentável global. "Este ano o Banco Central (BC) prevê que o investimento de empresas nacionais no exterior chegue a US$ 15 bilhões, e boa parte destes recursos serão revertidos à Itália", garantiu Miguel Jorge.

Segundo ele, a afinidade entre os países tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. O resultado mais evidente foi a assinatura, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, de um plano de ação para fortalecer a parceria estratégica entre Brasil e Itália, em abril deste ano, na capital dos EUA.

Além disso, existem inúmeros outros acordos traçados entre o Ministério de Desenvolvimento Econômico italiano e instituições brasileiras, como o próprio MDIC e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Firmamos uma parceria, em 2008, entre o BNDES e a Agência de Crédito à Exportação Italiana (Sace, na sigla em italiano), em que mais de US$ 1,2 bilhão é disponibilizado para que as empresas italianas concretizem investimentos produtivos aqui".


Ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Adolfo Urso

Parceria internacional

Atualmente, no Brasil, há cerca de 500 empresas italianas, que empregam mais de 100 mil brasileiros. Além disso, em relação às trocas comerciais, o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos e da Romênia – um importante terceiro lugar na economia global.

De acordo com o ministro da Itália, Adolfo Urso, a relevância do contexto é ideal para que União Europeia (UE) e Mercosul avancem num acordo de livre comércio. "A negociação que estava parada há anos, enfim, começa a reagir novamente. Precisamos aproveitar o momento para criar laços mais fortes de comércio".

Urso disse estar otimista com a próxima reunião de cúpula do Mercosul, no final de julho, em Buenos Aires, quando os países do bloco do Cone Sul irão desenhar o formato do acordo de livre comércio, ponderando as necessidades de Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina e as exigências dos países da UE.

Para julho deste ano, o governo brasileiro espera um salto nas negociações entre os grupos econômicos, pois esta é a data em que o Brasil assumirá a presidência pro-tempore do Mercosul. "E neste momento precisaremos muito da ajuda dos nossos colegas italianos, pois alguns países ainda se mostram resistentes à consolidação de acordos", ressaltou o ministro Miguel Jorge.


Presidente em exercício do
Ciesp, Rafael Cervone

Relações históricas

O presidente em exercício do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, compartilhou o otimismo dos ministros, ao destacar que desde meados desta década Brasil e Itália reverteram a queda no intercâmbio comercial que até então se verificava.

"No período de 2004 a 2008, nossas trocas cresceram na média de 17,3%", sublinhou. Em 2008, as importações e exportações bilaterais alcançaram US$ 9,4 bi.

Na opinião de Cervone, o laço entre os dois países conta com expressivo aporte histórico e cultural, que incentiva a ampliação e a diversidade das relações políticas e econômicas entre eles.

"O Brasil é o lar de mais de 25 milhões de italianos. Eles fazem parte da construção do nosso país. São Paulo, por exemplo, é a terceira cidade com mais italianos no mundo", lembrou.

Fábio Rocha e Thiago Eid, Agência Indusnet Fiesp