Brasil e Ásia vão duplicar consumo de energia em menos de 30 anos

09/01/2009

Julio César Rivas
Toronto (Canadá), 29 mai (EFE).- Brasil, China e Índia devem
reduzir seu desperdício de energia para evitar, nas próximas duas
décadas, um drástico aumento nas emissões de gases que provocam o
efeito estufa, segundo um grupo de analistas internacionais.

Os dados de um estudo internacional divulgado nesta segunda-feira e realizado nos últimos quatro anos pelo programa “Eficiência de Energia em Três Países” (3 CEE, na sigla em inglês) da ONU e do Banco Mundial (BM) são sombrios.

Caso prossiga a tendência atual de consumo de energia e de uso
das fontes tradicionais, no prazo de apenas uma geração – até o ano
2030 -, Brasil, China e Índia terão duplicado sua utilização de
energia e suas emissões de gases que produzem o efeito estufa.

Para conter essa explosão da demanda energética, que poderia
ampliar ainda mais a mudança climática que está sendo sentida no
mundo todo, os analistas consideram que através da modernização das
empresas e da moradias, esses países poderiam reduzir seu uso de
energia atual em pelo menos 25%.

E o uso de tecnologias avançadas poderia reduzir o crescimento
previsto do consumo de energia daqui até 2030 em pelo menos outros
10%, o que reduziria as estimativas de aumento de emissões de
dióxido de carbono em 16%.

Os analistas estão de acordo em que a eliminação do desperdício é
a forma mais barata, fácil e rápida de solucionar muitos problemas
energéticos e melhorar tanto o meio ambiente como o desenvolvimento
econômico.

Robert Taylor, especialista em energia do BM e líder do projeto 3
CEE, disse que caso houvesse uma melhora na “eficiência energética
em edifícios existentes e em outras infra-estruturas”, esses três
países economizariam “milhões de toneladas em emissões e centenas de
milhões de dólares”.

Jyoti Painuly, analista de planejamento energético do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), confirmou à Efe que
a rentabilidade dos investimentos em eficiência energética nestes
três países “é muito maior que a de outros investimentos”.

Apesar disso tudo, até agora foi difícil a implementação desse
tipo de investimentos.

Jeremy Levin, consultor do BM, lembrou que “embora a
rentabilidade seja muito boa e os projetos se paguem em dois anos,
trata-se de um produto não convencional”, que ainda não está
presente nas estruturas financeiras dessas economias emergentes.

E Mark Radka, representante da seção de Energia da Divisão de
Tecnologia e Indústria de Pnuma, acrescentou que “os bancos são
muito conservadores. Vai a levar algum tempo até persuadi-los, e a
maioria do investimento tem que proceder de instituições financeiras
locais”.

Chandra Govindarajalu, especialista em meio ambiente do BM,
estimou entre 20% e 40% “a rentabilidade típica de muitos projetos
de eficiência energética”.

Estão em jogo, assim, nada menos que bilhões de toneladas de
poluentes emitidos ao ar.

Calcula-se que as emissões de dióxido de carbono do Brasil
passarão, nesse período, de 302 milhões de toneladas para 665
milhões, enquanto que as da China passarão de 3,307 bilhões de
toneladas atuais para 7,144 bilhões em 2030. Na Índia, o aumento
será de 1,016 bilhão de toneladas para 2,254 bilhões.

Mas os analistas acrescentam que ainda existem possibilidades de
reverter a tendência.

No Brasil, com economias potenciais estimadas em US$ 2,25
bilhões, as companhias geradoras de energia têm destinado 0,25% de
suas receitas anuais a projetos para economizar recursos
energéticos, o que somou US$ 250 milhões entre 1998 e 2004. Em 2005, a China iniciou 300 projetos de eficiência energética em
combinação com o programa 3 CEE – com um investimento de US$ 200
milhões – que economizaram o equivalente a 2,46 bilhões de toneladas
de carvão e reduziu as emissões anuais de dióxido de carbono em 7
milhões de toneladas.

No caso de Índia, onde se estima que o mercado potencial de
eficiência energética é de mais de US$ 3,1 bilhões, cinco de seus
maiores bancos iniciaram concessões de crédito para reduzir o
consumo de energia.

Fonte:
Agencia Efe