Brasil deve crescer 5,7% este ano, diz IBGE

09/01/2009

”Uma confluência de fatores positivos´´ no primeiro trimestre do ano estimulou crescimento do PIB, gerando o melhor desempenho em um trimestre. É o melhor desempenho segundo trimestre de 2004, quando a expansão foi de 1,5% e aponta para alta de 5,7% do PIB este ano

A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2005, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do melhor desempenho desde o segundo trimestre de 2004, quando a expansão foi de 1,5%. A taxa do primeiro trimestre anualizada aponta para um crescimento de 5,7% neste ano. No ano passado, o PIB teve expansão de apenas 2,3%. O resultado do trimestre ficou levemente abaixo do previsto por analistas, que projetavam taxa decrescimento para o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas por um país, entre 1,5% e 1,9% no período.

Em relação ao primeiro trimestre de 2005, houve expansão de 3,4% na economia. Nos últimos 12 meses, o PIB cresceu 2,4%. Queda dos juros, aumento do crédito, melhora no nível de atividade industrial, crescimento das vendas do comércio, incentivos fiscais em alguns setores, expansão mundial e aumentos de gastos públicos em ano eleitoral são os principais fatores que impulsionaram a economia do País no período.

“Houve uma confluência de fatores positivos durante o primeiro trimestre que estimulou a economia”, afirmou Caio Megale, da Mauá Investimentos. Os três setores que compõem o PIB tiveram crescimento em relação ao quarto trimestre, com destaque para indústria, com expansão de 1,7%. Agropecuária e serviços cresceram 1,1% e 0,8%, respectivamente.

Na avaliação do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o ciclo de corte dos juros básicos (Selic), iniciado em setembro do ano passado, já teve um efeito “psicológico” sobre os empresários e os consumidores. De setembro de 2005 até abril deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em quatro pontos percentuais.

A produção industrial brasileira, um dos principais setores da economia, cresceu 4,6% de janeiro a março deste ano sobre igual intervalo do ano anterior e 1,2% em relação as três últimos meses de 2005, segundo dados divulgados pelo IBGE no início de maio.

O economista da Mauá avalia que houve uma reposição de estoques no período, o que acelerou o nível de atividade e contribuiu com o crescimento econômico do País. Incentivos fiscais estimularam o desempenho de segmentos como o de máquinas para escritório e equipamentos de informática, que cresceu 67,4%, refletindo uma maior produção de computadores. Já a proximidade da Copa do Mundo impulsionou setores como e de material eletrônico e de comunicações, com alta de 21,7%, em razão da expansão na produção de televisores e telefones celulares.

O comércio varejista apresentou expansão de 5,04% no acumulado do ano até março, com destaque para equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação – cresceu 55,38% no período. O crescimento da economia global e a continuidade de bons resultados na balança comercial brasileira também foram apontados por economistas como indicadores positivos no começo deste ano.

A balança comercial do Brasil fechou o primeiro trimestre com saldo positivo de US$ 9,346 bilhões, volume 12,5% superior ao mesmo período do ano anterior. Apesar do recuo do dólar em relação ao real, as exportações cresceram 20,2% na
mesma comparação, para US$ 29,388 bilhões.

Vale ressaltar ainda o aumento dos gastos públicos no primeiro trimestre. Os gastos do governo federal cresceram 14,5% nos três primeiros meses de 2006, ano eleitoral, segundo dados do Tesouro Nacional. Em números absolutos, as despesas da União, da Previdência Social e do Banco Central aumentaram R$ 11,3 bilhões no trimestre e chegaram a R$ 88,879 bilhões no final de março. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) considerou, em nota, que o “bom” resultado do PIB pode não se repetir no segundo trimestre.

Para o Iedi, o resultado baseia-se principalmente na expansão da indústria, que comparativamente ao mesmo trimestre do ano anterior, teve avanço de 5%. “Contudo, não há sinais de que o desempenho industrial esteja mantendo a mesma performance no segundo trimestre”, alerta a nota.

Fonte:
Jornal o Povo
(das agências)