Brasil ainda é um mercado prioritário para investidores da União Europeia

07/05/2015

O presidente da Eurocâmaras, Edoardo Pollastri, diz que os investimentos europeus em território brasileiro somam 240 bilhões de euros até 2014, o dobro de tudo o que já foi aportado na China

 

Presidente da Eurocâmaras, Edoardo Pollastri, diz que bloco quer investir em sustentabilidade no Brasil

Presidente da Eurocâmaras, Edoardo Pollastri, diz que bloco quer investir em sustentabilidade no Brasil
Foto: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo – O Brasil ainda é um mercado atraente para os investidores europeus, apesar da desaceleração econômica e das denúncias recentes de corrupção no País, diz o presidente da Eurocâmaras, Edoardo Pollastri. "Os investimentos que a União Europeia [UE] realizou no Brasil, até o ano de 2014, somam cerca de 240 bilhões de euros. Isso é o dobro do que o bloco aportou na China em todo o período", afirma Pollastri, destacando a relevância do Brasil dentre os países emergentes. Apesar da lenta retomada econômica pela qual passa o bloco europeu, as empresas da região já pretendem ampliar os seus investimentos em território brasileiro. No entanto, aguardam uma definição em torno das políticas de ajuste fiscal a serem implementadas no País.

"Neste momento, a Europa inteira está esperando os ajustes que o governo brasileiro pretende fazer e que estão sendo sugeridos pelo [ministro da Fazenda, Joaquim] Levy. Interesse em investir no Brasil, os europeus tem. Mas é preciso aguardar o processo de correção da economia para retomarmos os aportes", considera Pollastri. "É só reajustar a máquina e recomeçar", ressalta. O presidente da Eurocâmaras, que também é economista, diz que, além dos setores tradicionais de aportes, como o automotivo, os europeus querem avançar no "mercado de meio ambiente". "Está se abrindo muitas possibilidades no Brasil para investimentos em economia sustentável. E a Europa tem muita expertise nessa área", diz o economista. "Todas as prefeituras do País precisam se adaptar às novas normas sobre sustentabilidade, como a de reciclagem de resíduos sólidos. E os europeus estão interessados em participar desta nova atividade", acrescenta ele, se referindo às novas regras previstas na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Os setores de metalomecânica e de infraestrutura também estão na lista de prioridade dos investimentos europeus. "O Brasil está precisando de melhores portos, ferrovias e estradas", diz Pollastri. O economista lembra que as denúncias recentes de corrupção envolvendo a Petrobras e grandes construtoras preocuparam os investidores europeus, mas que isso é uma situação passageira e que não deve afetar aportes futuros. "Escândalos de corrupção sempre aconteceram em diversos países. Este da Petrobras não é o primeiro do mundo. Claro que, em um primeiro momento, escândalos como esse causam paralisação. Mas, logo depois, os investimentos são retomados. […] O presidente da Petrobras [Aldemir Bendine] já está ajustando as contas e as cotações da empresa já começaram a subir na Bolsa de Valores. Portanto, acredito que não vai demorar muito para que as coisas se acalmarem", comenta ele.

Nos últimos dez anos, pequenas e médias empresas brasileiras avançaram no mercado europeu, conta o representante da Eurocâmaras. Essas se concentram, em grande parte, em serviços e comércio. "As atividades brasileiras na Europa são ligadas à gastronomia, à venda de diversos produtos, como a cachaça, que tem bastante sucesso por lá. Além disso, quando se trata de moda de praia, por exemplo, o Brasil é muito requisitado", cita o economista, informando que somente na Câmara de Comércio de Milão, há, atualmente, cerca de 300 empresas brasileiras registradas. Os países europeus têm incentivado a internacionalização de empresas para a região. "A Itália, em particular, está oferecendo incentivos fiscais e redução de burocracias, para atrair investimentos", diz ele. Para Pollastri, entretanto, os brasileiros precisam avançar ainda mais. "O Brasil, hoje, é uma potência mundial. Não pode se fechar no mercado local. Vejam os chineses: eles compraram a maioria do capital da Pirelli. Poderia ter sido um brasileiro. O dinheiro europeu está barato agora", ressalta o economista, informando que a promoção de investimentos entre Brasil e União Europeia será tema do debate que a Câmara irá realizar no próximo dia 8, em comemoração ao Dia da Europa. O evento terá participação de Joaquim Levy e da embaixadora da UE no Brasil, Ana Paula Zacarias.

O tratado de comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que se arrasta há mais de 20 anos, ainda deve demorar para ser firmado, na avaliação de Pollastri. Para ele, o protecionismo europeu em torno dos produtos agrícolas é um dos entraves para esse acordo. No entanto, acredita que, aos poucos, o bloco pode acabar cedendo em alguns pontos. O economista deixa claro que o Brasil é prioridade no Mercosul. "No meu pensamento como europeu, o Brasil deveria fazer acordo isolados como o Chile", finaliza.

 

Fonte: DCI