Bradesco é banco mais rentável das Américas

22/09/2009

SÃO PAULO – Graças à estrutura do mercado financeiro nacional, aliada a uma queda da rentabilidade das instituições financeiras norte-americanas, por causa da crise, o Brasil conta com quatro instituições entre as que têm melhor retorno sobre ativos (ROA) da América Latina e dos Estados Unidos. Levantamento da consultoria Economatica mostra o Bradesco como o banco mais rentável da região, com Itaú Unibanco em terceiro e Banco do Brasil em quarto. O grupo Santander Brasil aparece em décimo terceiro.

A segunda colocada é a norte-americana Fifth Third Bancorp. Para o professor de Finanças da Brazilian Business School (BBS), Ricardo Torres, o sistema financeiro nacional permite às instituições uma rentabilidade maior que no restante do mundo. "No País há cobrança de taxas que não existem em outros locais. Além disso, há a diferença entre a taxa de juros de captação para os bancos em relação ao custo cobrado pela aplicação (spread) brasileiro, um dos maiores do mundo", afirma. Para ele, essa combinação deverá levar os bancos brasileiros a ocupar as primeiras posições no próximo estudo da Economática.

"O Itaú e o Banco do Brasil não estão mais próximos por conta das fusões recentes. Além disso, o Santander deve melhorar após a integração com o Real", prevê.

Para o diretor presidente do instituto de pesquisas Fractal, Celso Grisi, houve um peso grande da crise nas instituições internacionais. "Os bancos nacionais não tiveram as mesmas perdas que os multinacionais.

Reclamávamos dos depósitos compulsórios, mas eles foram importantes no momento de maior turbulência". "Além disso", continua ele, "a manutenção de operações conservadoras também beneficiou às instituições nacionais."

"Houve uma grande expansão do crédito para a baixa renda e as instituições se mantiveram conservadoras nos empréstimos a empresas."

Segundo dados do Banco Central, o crédito para pessoa jurídica caiu 3,2% neste ano, até julho, a saldo de R$ 379,008 bilhões.

PIB mensal

Apesar da baixa, a equipe econômica do Itaú Unibanco vê a indústria retomando o crescimento. "A indústria foi o setor que mais sofreu com a crise, porém teve a maior recuperação na margem no segundo trimestre de 2009 e deve repetir neste trimestre", diz o economista da instituição, Aurélio Bicalho.

A estimativa mensal do banco para o Produto Interno Bruto trimestral (PIB), chamado de PIBIU, mostra estabilidade em julho ante o mês anterior. "Houve uma pausa transitória, porém o mercado de trabalho e a indústria estão melhores e o comércio está voltando a crescer, o que nos leva a crer em um terceiro trimestre com crescimento forte, mas inferior ao do período anterior", diz.

Para o economista, o crescimento no segundo trimestre se deu graças a fatores transitórios de incentivo, como isenções fiscais, que perderam força em julho. "A expansão no terceiro trimestre será mais sustentável, sem dependência de fatores transitórios. O mercado de trabalho está em crescimento e há uma melhora do mundo, o que livra a dependência das exportações para a China", afirma.

Segundo o economista-chefe Ilan Goldfajn, o crédito à indústria irá voltar "com naturalidade". "Os investimentos estão começando a voltar, o que levará à expansão do crédito". Além disso, ele acredita que os depósitos compulsórios devem se manter a níveis menores que os anteriores às medidas antíciclicas tomadas pelo governo. "O compulsório também está relacionado com o custo do dinheiro, o spread. Se sobe, o spread também sobe. Acho que deva ter alguma elevação, porém as considerações ao longo desse tempo devem deixá-lo abaixo do nível anterior."

Crédito

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o crédito já retornou a níveis pré-crise, por isso o Brasil teve novo descolamento dos demais países.

Segundo ele, até o dia 28 de agosto, a média diária de concessão de crédito ficou próxima de 7 bilhões de reais. O executivo disse ainda que esse descasamento em relação ao restante do mundo se deve ao fato de o País ter entrado na crise com com fundamentos sólidos.

Imaginava-se, no início, que estaria entre os países que não seriam atingidos, mas a crise pegou o Brasil com força, e agora volta a se distanciar.

Fonte:
DCI