BNDES quer atrair fabricantes
09/01/2009
O BNDES trabalha com expectativa de que o desembolso de financiamentos às operadoras de telecomunicações alcancem R$ 1,718 bilhão em 2005, R$ 125 milhões a mais que 2004. Mas há dois anos fabricantes de equipamentos para o setor não demandam um centavo sequer junto ao banco para modernização ou ampliação das unidades industriais, embora venham investindo pesado para atender a demanda aquecida, especialmente na telefonia celular.
Por enquanto, as indicações são de que em 2005 o cenário será o mesmo. Os grandes fabricantes da área de telecomunicações vêm demandando financiamento apenas para exportações. Em 2004, as vendas externas no setor chegaram a US$ 1,14 bilhão, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e o banco desembolsou R$ 120,3 milhões em financiamentos.
O fôlego das exportações, em especial nos telefones celulares, e a demanda interna aquecida fizeram com que algumas das grandes multinacionais como Siemens, Motorola, LG, Nokia, Alcatel investissem, em 2004, quase R$ 800 milhões (US$ 271 milhões) na ampliação das respectivas unidades de produção. Este ano, apenas a Siemens vai destinar US$ 250 milhões na subsidiária brasileira.
Embora os celulares sejam os atores principais desse processo, a telefonia fixa terá este ano papel de destaque nas compras de equipamentos. Nada igual ao período pós-privatização quando o BNDES desembolsou para as teles fixas e celulares R$ 3,2 bilhões em 2000 e R$ 3 bilhões em 2001.
O volume de investimentos das teles fixas caiu em 2002 e 2003, mas no ano passado retomou o fôlego. Este ano o orçamento promete ser gordo. Os desafios passam pelos investimentos em banda larga, atendimento às metas de universalização e modernização das redes fixas. Só a Telefônica (Telesp) previu para 2005 R$ 1,7 bilhão em investimentos. Só na Vivo, braço de telefonia móvel do grupo espanhol, o plano é aplicar R$ 1 bilhão.
Segundo a Telemar, serão destinados R$ 1,7 bilhão para os serviços fixos e R$ 800 milhões para a Oi, da telefonia celular. A Brasil Telecom ainda não divulgou as previsões de investimentos para este ano. Mas em 2004 foram R$ 2,87 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão para à telefonia fixa e R$ 1,176 para a área móvel, que começou a operar em outubro de 2004.
Enquanto isso, as multinacionais que fornecem os equipamentos buscam recursos nas matrizes ou no caixa das subsidiárias para ampliar as linhas de produção.
O vice-presidente da área de telefonia da Siemens, Aluízio Byrro, diz que o BNDES oferece os recursos mais baratos do país, mas buscar lá fora garante sempre melhores condições.
O presidente da francesa Alcatel, Jonio Foigel, avalia que a falta de procura pelos recursos do BNDES pelas indústria também ocorre devido às mudanças de parâmetros do setor. Lembra que há fabricantes que optaram por terceirizar a produção, como é o caso da Alcatel, e as grandes montadoras estão cada vez mais verticalizadas. Muitas delas compraram fábricas praticamente prontas e modernas como a da IBM ou da HP.
O gerente do departamento de indústria eletrônica do BNDES, Maurício Neves, reconhece essas mudanças e diz que independente disso, a estratégia que vem sendo montada é a de estimular empresa menores do setor, com capacidade de inovação e expertise tecnológica, a buscarem recursos na instituição, visando adensamento da cadeia produtiva e substituição de importações.
A proposta que está sendo montada no âmbito da política industrial é aproximar empresas menores das grandes do setor visando ao desenvolvimento de ações para atuação conjunta. Outra idéia é enquadrar produtos que tenham o chamado software embarcado no recém-lançado Prosoft, que prevê até R$ 6 milhões de financiamento e não exige garantias reais.
Valor Economico
Heloisa Magalhães
11/4/2005