BCE prepara mercado para aumento de taxas de juros em março
09/01/2009
Frankfurt (Alemanha), 8 fev (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, preparou hoje os mercados para uma próxima alta moderada das taxas de juros na zona do euro em março.
Anteriormente, o conselho de Governo do banco europeu tinha decidido manter o preço do dinheiro inalterado em 3,5% para os países que usam o euro.
Já o comitê de política monetária do Banco da Inglaterra também deixou inalteradas as taxas britânicas em 5,25%, após tê-las aumentado de surpresa em janeiro em 0,25 ponto percentual.
Na entrevista coletiva posterior à reunião do principal órgão executivo do BCE, Trichet disse que “ainda é essencial realizar uma forte vigilância para garantir que os riscos para a estabilidade de preços a médio prazo não se materializem”.
Com os termos “forte vigilância”, Trichet deixou claro que o BCE aumentará as taxas em março já que esta fórmula foi usada no ano passado um mês antes de acontecer cada alta.
Alem disso, ele afirmou que a política monetária da zona do euro ainda é expansiva, o que permite supor que a entidade monetária aumentará mais o preço do dinheiro.
“Nossa política monetária continua sendo flexível, com taxas de juros básicos ainda a níveis baixos, com o crescimento monetário e do crédito vigoroso e com ampla liquidez em todas as medidas possíveis”, declarou Trichet.
O presidente do BCE preparou os mercados para o sétimo aumento dos juros desde dezembro de 2005, já que a entidade prevê que a inflação na zona do euro, que permaneceu moderada nos últimos cinco meses e abaixo de 2%, cairá no primeiro semestre, mas voltará a subir no final de 2007 como resultado de efeitos base desfavoráveis.
Ao mesmo tempo, o BCE prevê que a zona do euro manterá taxas de crescimento próximas de seu potencial, ou seja, em torno de 2%.
O banco central da UE alertou que caso sejam combinados aumentos salariais maiores que o previsto nas atuais negociações dos convênios coletivos de alguns setores, acontecerão riscos inflacionários.
Por isto Trichet instou os interlocutores sociais a “cumprirem suas responsabilidades”, pois “os acordos salariais deveriam considerar a evolução da produtividade”, “reconhecer, ao mesmo tempo, que existe ainda uma elevada taxa de desemprego na zona do euro” e considerar “a competitividade dos preços”.
Por exemplo, o sindicato alemão IG Metall pede um aumento de salários de 6,5% para o setor metalúrgico da Alemanha.
Além disso, o BCE lançou uma advertência sobre o grande crescimento monetário e do crédito, tendência que é observado desde meados de 2004 e sem que se tenham dado “sinais de ter se mantido, nem invertido”.
O crescimento da base monetária em circulação, medido pelo agregado monetário M3, subiu em dezembro 9,7%, quatro décimos a mais que em novembro e é o maior aumento desde a adoção do euro.
A expansão monetária ainda fica muito acima dos níveis que o BCE considera adequados para garantir a estabilidade de preços a médio prazo, que se situa em um crescimento da base monetária de 4,5%.
Trichet afirmou que existem “riscos em alta para a estabilidade de preços a médio e longo prazo da transferência mais forte que o previsto até agora aumentos anteriores do preço do petróleo para os preços de consumo”, por exemplo.
O presidente do banco europeu não quis dizer se após o aumento de março acontecerão mais movimentos restritivos na política monetária da zona do euro.
No entanto, os mercados vêem que existe uma possibilidade de 90% de o BCE aumentar as taxas de juros uma segunda vez em 2007, até 4%, declarou o economista-chefe do banco alemão Commerzbank, Joerg Kraemer.
Por isto, o Euribor para doze meses, o indicador mais usado na Espanha para fixar o preço das hipotecas, aumentou nas últimas semanas e ficou em 4,078%, disse à Efe o analista Michael Schubert.
Fonte:
Agencia Efe