BC segue expectativa do mercado e corta Selic em 0,75 ponto
09/01/2009
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, de 18% para 17,25%. O corte de 0,75 ponto percentual era a principal aposta do mercado, principalmente depois que a entidade decidiu reduzir o número de reuniões de 12 para oito por ano.
A decisão do Copom foi unânime e a entidade manteve a taxa sem viés, mecanismo que permitiria a mudança da taxa mesmo antes da próxima reunião, marcada para os dias 7 e 8 de março.
De acordo com a analistas, a queda de 0,75 ponto significa a manutenção do ritmo de redução imposto desde outubro de 2005: por três reuniões consecutivas, a decisão do Copom foi baixar a Selic em 0,5 ponto. Como as reuniões não são mais mensais, duas quedas de 0,75 em um período de três meses são equivalentes a três quedas mensais de 0,5 ponto.
É a quinta queda consecutiva da Selic desde setembro de 2005, quando um corte de 0,25 ponto percentual reduziu a taxa de 19,75% para 19,5%. Na época, a Selic já acumulava alta de 3,75 pontos desde setembro de 2004. O nível mais alto da taxa básica durante o governo Lula foi de 26,5%, mantido entre fevereiro e junho de 2003.
Trata-se também da maior redução absoluta no juro desde dezembro de 2003, quando a Selic caiu um ponto percentual, de 17,50% para 16,50% ao ano.
A maioria dos analistas já previa a queda de 0,75 ponto, com a seqüência da política adotada nos últimos meses. Muitos davam como argumentos a leve alta da inflação, apurada nos últimos índices, e a ausência de sinais de desaceleração sensível na economia brasileira, o que poderia obrigar o Banco Central a apostar em uma queda maior, de 1 ou 1,25 ponto percentual.
Para os mais cautelosos, até mesmo os dados de inflação divulgados nesta quarta teriam influência sobre o BC, que poderia até decidir por nova queda de apenas meio ponto. O IGP-10, divulgado pela Fundação Getulio Vargas, acelerou fortemente em janeiro, pressionado por aumentos sazonais de educação e pelos reajustes de saúde e álcool combustível. O índice subiu 0,84%, ante alta de 0,06% em dezembro. O IPC da Fipe pulou de 0,29% em dezembro para 0,59% na prévia das primeiras duas semanas de janeiro.
Os mais otimistas, no entanto, apontavam a inflação de 2005 como principal motivo para uma queda ainda maior. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial do governo, fechou 2005 dentro da margem de tolerância, em 5,69% ao ano. O Índice Geral de Preços do Mercado(IGP-M), indicador usado para reajustar aluguéis e preços administrados, apresentou variação de 1,2%, o menor resultado da série histórica, iniciada em 1989, e muito abaixo dos 12,41% acumulados em 2004.
O recuo do risco-País desde o último encontro do Copom – de 311 pontos para 288 pontos -, a tendência de queda do câmbio e o crescimento de apenas 0,6% da indústria doméstica em novembro, reforçavam os argumentos dos que pediuam um corte mais acentuado.
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Invertia