BC deve manter aumento de 0,75 ponto na Selic, diz Icap

20/07/2010

Depois de um Comitê de Política Monetária (Copom) previsível em junho, o Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã diante de dados de inflação e atividade mais fracos. Há certa incerteza quanto à decisão nesta reunião. Para Inês Filipa, economista responsável da ICAp Brasil o mais provável é que o BC mantenha a alta de 0,75 ponto percentual, para 11,00%, sinalizando ajustes menores nas reuniões seguintes.

A economista trabalha com um intervalo de Selic entre 11,50% e 12,25% no final do ano, com cenário mais provável de fechar com taxa de 12,25%. "A Ata a ser divulgada poderá alterar as expectativas para as próximas reuniões e fechamento ano", comenta.

Inês lembra que desde a última reunião, importantes indicadores econômicos mostraram desempenho mais favorável, sinalizando menor expansão da economia e menor pressão inflacionária, com ajustes nos níveis de produção e consumo.

Apesar do ajuste observado no segundo trimestre, o cenário estimado é de retomada da atividade e demanda no segundo semestre, porém com um ritmo de crescimento inferior se comparado ao primeiro trimestre, em linha com uma massa salarial alta e condições de emprego e crédito ainda favoráveis apesar de uma provável acomodação da oferta de trabalho e juros mais altos na economia, destaque também para os diversos incentivos econômicos viabilizados pelo governo, seja através das obras do PAC, seja via reajustes salariais, ou seja, irrigando os bancos públicos com recursos para ampliar os empréstimos concedidos a PJ ou PF. Mesmo com o arrefecimento da atividade no segundo trimestre, o consumo deve seguir em alta, sustentando o forte crescimento da economia em 2010, cuja expectativa para o PIB não foi alterada pelos agentes de mercado, taxa de 7,2%. "Na Icap trabalhamos com um intervalo entre 6,8% e 7,3%", friza.

Inês comenta ainda que a decisão do colegiado do BC pode ser rachada, sinalizando ao mercado uma mudança nas próximas decisões do Copom, porém uma decisão unânime seria mais bem avaliada, independente da decisão de política monetária tomada, mostrando ao mercado coesão entre os membros do Copom neste período delicado de elevação dos juros e processo eleitoral. O BC tem que estar muito atento para que não ocorram ajustes desnecessários na taxa de juros, promovendo um arrefecimento acima do desejado da economia em 2011.

Fonte:
(Maria de Lourdes Chagas – Agência IN)