BB prepara venda de ações e pode aumentar a fatia de estrangeiros
09/01/2009
BRASÍLIA e SÃO PAULO – O governo pretende fazer, ainda neste ano, de preferência no primeiro semestre, uma oferta pública de ações do Banco do Brasil (BB) para aumentar o volume de papéis da instituição hoje negociado nas bolsas de valores e, assim, reduzir a subvalorização dessas ações, que analistas estimam em 30%, devido à baixa liqüidez. Segundo apurou o Valor, o governo também estuda ampliar o limite para participação do capital estrangeiro no BB, dos atuais 5,6% para até 21%.
Em fato relevante enviado no início da noite à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BB confirmou a intenção de ofertar em bolsa parte das ações hoje em poder do do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), BNDES e da Previ, o fundo de pensões dos funcionários da instituição, para aumentar, o percentual do capital do banco negociado no mercado de valores.
A operação pode envolver até 7,5% do capital, diz o fato relevante. Pela cotação de ontem, a oferta movimentaria R$ 3,6 bilhões. Com a venda, o percentual de ações do BB em circulação no mercado subiria dos atuais 6,8% para até 14,3%.
O BB confirmou também que o governo discute ampliar a parcela do capital com venda autorizada a estrangeiros, mas afirmou não haver ainda decisão a respeito.
O total das ações do Banco do Brasil autorizado para venda a pessoas físicas ou jurídicas no exterior, atualmente de 5,6%, é ” muito pouco ” , diz o gerente de relações com o mercado do BB, Marco Geovanne. Ele lembra que decisão de ampliar esse limite cabe ao Presidente da República, que teria de fazê-la por decreto. O decreto já está em estudo pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, segundo revelaram fonte do governo.
Segundo apurou o Valor, tanto a oferta pública em estudo quanto os planos de maior abertura para estrangeiros fazem parte de um plano mais ambicioso, de lançamento das ações do banco no Novo Mercado. Mas, para isso, o BB teria de ter pelo menos 25% de ações no mercado.
Os executivos do BB não escondem o apoio à idéia de aumentar a participação de estrangeiros no capital. ” A ampliação aumentaria a liqüidez dos papéis, reduziria a volatilidade e o risco, ajudaria a valorização e permitiria que o banco aproveitasse o maior fluxo de capital estrangeiro para o país ” , diz Geovanne, que ressalva porém, não haver decisão da ” autoridade competente ” sobre o assunto.
A Previ, com 13,9% do capital total do banco, segundo informativo do BB, ou 13% de acordo com a assessoria do fundo, já foi notificada pela Secretaria de Previdência Complementar que têm ações do BB em excesso na carteira e terá de vendê-las. O BNDES, detentor de 5,8% dos papéis, quer reduzir esse percentual; e o Tesouro Nacional, com 72,1%, poderia vender até o equivalente a 20% das ações do banco sem privatizar a instituição. A Previ e o BNDES não quiseram se manifestar.
No fato relevante à CVM, o BB fala que a oferta pública em estudo poderá envolver até 7,5% do total do capital. ” Com isso estaríamos mais que dobrando o free float ” , comenta Geovanne, que considera esse volume adequado para ” testar o mercado ” sem risco de queda nos preços das ações.
O governo quer evitar o fiasco de 2002, quando a demora na preparação de uma oferta de 18% das ações abortou a operação a ser lançada no segundo semestre, no auge das turbulências pré-eleitorais.
Segundo o último balanço divulgado, em setembro, os investidores estrangeiros detinham 3,4% do capital do Banco do Brasil. A divulgação recente de relatório pela Merrill Lynch recomendando a compra de papéis do banco, elevou essa participação, porém, para perto do limite de 5,6% para investidores estrangeiros.
Atualmente, apenas 6,8% de ações do BB estão no mercado. O volume, porém, deve aumentar com o exercício de bônus de subscrição neste ano. Do final de março ao final de junho, os detentores de 15,99 milhões de bônus de subscrição da série B poderão exercer o direito. Se todos forem exercidos, serão mais 17 milhões de ações no mercado diante das 55,1 milhões atuais e um capital total de 810,6 milhões.
Fonte:
(Valor Econômico)