Bancos usam crédito pessoal para alavancar empresas
16/03/2010
SÃO PAULO – Os bancos estão apostando no crescimento do crédito para indivíduos para alavancar os empréstimos para empresas. Para incentivar esse consumo, o Banco do Brasil irá aumentar sua oferta de crédito para pessoa física em R$ 8,2 bilhões.
"Esse crédito ao consumo tem um impacto positivo sobre a indústria e na carteira de pessoa jurídica", diz o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global da instituição, Ricardo Flores. No entanto, salienta ele, ainda não há nenhum pacote de liberação de crédito programado para a pessoa jurídica. "Os limites já estão estabelecidos. Esse trabalho de análise faz parte do dia a dia e não há como antecipar."
Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, neste ano, o crescimento dos financiamentos para indivíduos ainda será mais forte que para empresas, mas um estará alicerçado pelo outro. "Na medida em que o crédito para pessoa física crescer, irá influenciar na jurídica. Isso tanto nos volumes, que tendem a ser maiores, como nos prazos, que também devem aumentar", analisa.
Ainda segundo ele, uma das razões para o crescimento dos empréstimos para empresa não serem o grande motor do crédito neste ano é que, com o gradativo retorno do ambiente macroeconômico à normalidade, as empresas passam a ter mais opções para se financiarem. "Com a melhora do funding no mercado externo e ainda a possibilidade de buscar funding no mercado de capitais, muitas empresas não irão acessar o crédito bancário", avalia. Ainda segundo ele, como essas o acesso a essas opções é mais difícil para as micro, pequenas e médias empresas, são elas quem devem alavancar os financiamentos para pessoa jurídica.
Segundo estimativas de Oliveira, o crédito no País deve ter uma ampliação entre 20% e 25%, com a pessoa física crescendo 25%, e a jurídica, 20%.
Apesar da ampliação do crédito para indivíduos, o BB não alterou a meta de crescimento em sua carteira para 2010, estimada entre 18% e 23% no total, com crescimento entre 27% e 32% na pessoa física e entre 16% e 21% na jurídica. "Esse pacote faz parte das ações para continuar crescendo", diz o executivo do banco.
Segundo ele, a medida beneficiará 1,4 milhão de clientes. "Foram escolhidos por meio de avaliação das bases internas aqueles que além da possibilidade de ampliar, também tinham a propensão de utilizar esse limite", diz Flores. Em 2009, o banco ampliou em R$ 13 bilhões o limite para operações de crédito de 10 milhões de clientes. Em setembro, foram mais R$ 17,7 bilhões para 1,2 milhão de clientes.
Desse total de R$ 20,7 bilhões, no entanto, foram contratados aproximadamente R$ 5 bilhões entre maio e dezembro. "Esse total continuará disponível, com os clientes o acessando gradativamente", explica Flores.
O BB encerrou 2009 com uma carteira de crédito total de R$ 321,7 bilhões, evolução de 28,4% em 12 meses (incluindo avais e garantias). Nesse período, a carteira doméstica do BB cresceu 35,2%, contra uma evolução média de 14,9% no Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A carteira de financiamento ao consumo atingiu R$ 91,8 bilhões, crescimento de 88,1% no ano. Em dezembro, o índice de operações vencidas há mais de 90 dias no segmento pessoa física era de 4,8% no BB, contra 7,8% no SFN.
O lucro recorrente da instituição em 2009 foi de R$ 8,506 bilhões, crescimento de 27,2% ante 2008. O retorno sobre o patrimônio líquido médio no ano passado ficou em 30,7%, abaixo dos 32,5% registrados em 2008. O seu total de ativos chegou a R$ 708,549 bilhões, crescimento de 36%, volume que confirma o banco federal como a maior instituição financeira do País.
Fonte:
DCI