Bancos registram a maior rentabilidade da década
09/01/2009
Os bancos tiveram no primeiro trimestre a maior rentabilidade sobre o patrimônio líquido da década: 30,9% anualizados. O retorno é resultado do forte aumento das receitas com serviços e também com crédito, em um cenário em que juros ainda elevados sustentam um generoso ganho com as operações de tesouraria.
Segundo o Valor Econômico, o retorno mais próximo dessa marca foi de 27,1% anualizados, obtido pelos bancos no terceiro trimestre de 2002, em plena turbulência que precedeu as eleições presidenciais.
O resultado foi calculado a partir das informações divulgadas pelo Banco Central (BC), na semana passada, no ranking dos 50 maiores bancos no primeiro trimestre. Os dados mostram que o lucro líquido consolidado dos bancos no primeiro trimestre somou R$ 12,2 bilhões, 47% acima dos R$ 8,3 bilhões de igual período de 2005. Como o patrimônio dos bancos cresceu em um ritmo bem menor, 14,5%, de R$ 153,2 bilhões em março de 2005 para R$ 175,4 bilhões em março passado, o retorno saltou de 23,5% para os 30,9%.
Segundo os especialistas, os bancos devem manter os ganhos polpudos nos próximos meses. Compartilha essa opinião o analista do UBS, Bruno Pereira, que recomendou aos investidores, no início da semana, a compra das ações do Itaú, Nossa Caixa e Unibanco. “Acredito que a recente correção do mercado oferece uma oportunidade atraente de aumentar a exposição aos bancos brasileiros. Os fundamentos continua fortes; a perspectiva de médio e longo prazos é encorajadora e, mais importante, a expectativas do mercado reflete, um cenário mais realista para o crescimento dos lucros”, escreveu Pereira em relatório enviado a clientes.
Ainda ontem as ações de bancos não reagiram, em um dia em que a bolsa caiu 0,49%. Somente as ações do Banco do Brasil subiram, 3,44% para R$ 60 cada, sob o impacto positivo do anúncio do cronograma da oferta pública de papéis da instituição.
Mas, Pereira argumenta que os fundamentos são favoráveis aos bancos. Ele lembrou que a economia brasileira vem mostrando sinais de melhoria. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% em relação ao último trimestre de 2005, equivalendo a 5,7% anualizados. Nesse quadro, ressaltou a expansão de 3,7% da taxa de investimento sobre o último trimestre do ano passado.
“Esse ritmo de crescimento econômico combinado com o aumento do salário mínimo e o plano do governo de elevar o salário dos funcionários públicos, abre espaço para a melhoria da qualidade dos ativos nos próximos trimestres”, firmou Pereira.
Para o analista do UBS, “melhor crescimento econômico, aumento real de salários, baixa inflação e corte dos juros em linha com a expectativa do mercado compõem um quadro favorável para os bancos brasileiros, fornecendo base para o aumento do crédito de médio para longo prazo e o desenvolvimento do mercado imobiliário”. Além disso, acredita na melhoria da qualidade dos ativos a curto prazo.
Os dados divulgados pelo Banco Central mostram que os bancos aumentaram em 19% a carteira de crédito, de R$ 494 bilhões em março de 2005 para R$ 587,9 bilhões em igual mês deste ano. O aumento das operações proporcionou a expansão de 15,8% das receitas com crédito, de R$ 35,5 bilhões para R$ 41,1 bilhões no mesmo espaço de tempo. Como os juros ainda são elevados em termos reais, a receita bruta com tesouraria cresceu 33,5%, de R$ 18,8 bilhões para R$ 25,1 bilhões. Além disso, os bancos continuam ampliando a receita de serviços, que cresceu 21,6%, de R$ 9,7 bilhões para R$ 11,8 bilhões.
Fonte:
Valor Econômico
Maria Christina Carvalho