Bancos oficiais ignoram Copom e reduzem juros

09/01/2009

O Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal anunciaram ontem reduções de juros em algumas linhas de crédito, desconsiderando a possível manutenção das taxas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na terça e quarta-feira. O fato de a maioria dos analistas acreditar que o Copom vai manter a taxa Selic em 16% ao ano pelo terceiro mês consecutivo não influiu na decisão. Com alarde, o BB divulgou o corte do juro de linhas para pessoas físicas. A Caixa vai diminuir as taxas também para as empresas, mas ainda estuda os novos percentuais, que só serão divulgados no início da semana.

Apesar de o governo não esconder o interesse em usar os bancos oficiais para incentivar a competitividade do mercado e puxar um movimento de redução dos “spreads” bancários, nenhuma outra grande instituição financeira de varejo consultada quis seguir o exemplo. A Nossa Caixa, banco do governo paulista, informou que vai esperar a decisão do Copom. O HSBC adotou a mesma estratégia e informou que não considera os bancos oficiais como “benchmark”. Entre dez grandes bancos de varejo pesquisados pelo Procon-SP, a Nossa Caixa figura como a que cobra a menor taxa máxima do crédito pessoal: 4,1% ao mês. Com o corte ontem realizado, o BB passa a cobrar a menor taxa do mercado para o cheque especial, 1,85%, à qual têm acesso clientes com boa pontuação, mas manteve a taxa máxima em 7,33%.

Não é a primeira vez que o BB reduz os juros independentemente do Copom. A aposta do banco é aumentar a base de clientes para compensar o ganho menor. Até o fim do mês espera atingir a marca de 20 milhões de clientes.

Valor Online 16/7/2004