Banco Mundial elogia bom momento da AL, mas ressalta desigualdade
09/01/2009
Madri, 26 out (EFE).- O Banco Mundial (BM) destacou hoje o bom
momento econômico da América Latina, com um ritmo de crescimento sem
precedentes em duas décadas, mas ressaltou que a desigualdade na
distribuição da riqueza está aprofundando o abismo social.
A desigualdade econômica “é um problema endêmico e muito sério na
América Latina”, afirmou o economista-chefe para a América Latina do
BM, Guillermo Perry, que expressou seu pessimismo ao manifestar que
“não é uma situação que vá a mudar no curto prazo”.
Perry compareceu em entrevista coletiva no Banco da Espanha, que
organizou, pela primeira vez fora de Washington, uma conferência
promovida pelo Banco Mundial para debater sobre o presente e o
futuro da economia da América Latina e do Caribe.
Do “XI Encontro da América Latina com os mercados”, participaram,
entre outros, o vice-presidente do BM para a região, Pamela Cox, o
governador do Banco da Espanha, Jaime Caruana, e representantes dos
bancos centrais latino-americanos.
Cox fez aos presentes à Conferência uma exposição muito otimista
e ressaltou que “estes são certamente bons tempos para a América
Latina e o Caribe, e para os investidores nessa região”.
A economia cresceu 6% em 2004, o ritmo mais alto nos últimos 25
anos, e se espera uma taxa de 4,5% para 2005, lembrou Cox, que
destacou que os depósitos financeiros e bônus do Estado
latino-americanos foram os que melhor evolução tiveram entre os
chamados “países emergentes”.
A exposição otimista falou de um futuro imediato e deve-se
esperar “que os bons tempos durem”, disse Cox, graças às reformas
estruturais adotadas, sobretudo após a crise da Rússia em 1999, e ao
“impulso propício por fatores externos”.
“O crescimento saudável da economia mundial provavelmente será
mantido”, apesar de não serem descartadas “mudanças relacionadas com
a escassez de petróleo” e “inesperadas altas de juros” por culpa do
déficit dos EUA, disse o responsável do BM.
Contra esses potenciais problemas, o vice-presidente do BM para a
América Latina e o Caribe disse aos Governos da região para
aproveitar a estabilidade proporcionada pelo bom momento das
exportações, derivado da pujança dos mercados asiáticos.
“A intensidade da demanda de mercadorias por parte as economias
da China e outros países asiáticos (…) é uma notícia especialmente
boa para os exportadores” da região, ressaltou.
Cox comparou a situação atual com a de outros “booms” econômicos,
em particular com o do início dos anos 90, e apontou que os países
latino-americanos e caribenhos estão reduzindo agora seu grau de
vulnerabilidade contra tempestades financeiras mundiais.
Isto é assim porque a maioria dos países da região apresentam
números sombrios em suas contas, reduziram os riscos de liquidez a
“um mínimo histórico” e seus setores financeiros estão “bem
capitalizados, regularizados e supervisionados”.
No entanto, reconheceu que “a dívida pública é ainda alta em
vários países”, apesar do aumento dos superávit primários, e pediu
que seja abordada “uma consolidação fiscal mais rápida”, que permita
“políticas financeiras expansivas” se chegarem os maus tempos.
Neste sentido, Guillermo Perry apontou que os bons tempos
acabarão cedo ou tarde, e que a América Latina e o Caribe devem
aproveitar o bom vento que os leva a “atrair investimentos a longo
prazo”.
Perry referiu-se à importância de ser gerado na região “um
consenso para fazer uma política macroeconômica prudente” e
considerou que o principal desafio deve ser, com a única exceção do
Brasil, conseguir uma “maior eficiência tributária”.
Os problemas para conseguir que todos paguem seus impostos,
afirmou, são “limitadores para investir em infra-estruturas e em
educação, e para conseguir equilíbrio fiscal”.
Estes elementos são fundamentais, na opinião do economista-chefe
para a América Latina do BM, para fazer das economias
latino-americanas elementos de maior igualdade social.
“Ainda há um acesso muito desigual à educação, ao crédito, à
terra e à receita”, disse Perry, que acrescentou que a desigualdade
não é só um problema ético, mas “torna mais difícil o crescimento
econômico, porque há uma grande parte da sociedade que não pode
contribuir” com os cofres do Estado.
Fonte:
Uol Economia
Efe