Balanço da missão empresarial Itália-Brasil
09/01/2009
Ao contrário do usual, a missão empresarial Itália-Brasil, desenvolvida ao longo da semana em Roma, Milão, Parma e Vicenza, apresentou resultados práticos imediatos. Na verdade, até mesmo o proselitismo formal serviu para dar a exata dimensão da importância do evento nessa sua segunda etapa, posterior à realizada no início do ano em São Paulo. A presença do primeiro-ministro Romano Prodi na abertura dos trabalhos, na segunda-feira, na capital romana, sinalizou o peso que os italianos estão dando para um aprofundamento nas relações com o Brasil e, em última análise, serviram de lastro para as declarações de Luca di Montezemolo, presidente da poderosa Confindustria, segundo o qual o país é considerado a principal porta de entrada dos produtos italianos na América Latina.
De sua parte, Prodi, que em abril próximo visitará o Brasil, procurou enfatizar que as relações entre os dos países vão muito além dos interesses econômico-financeiros. Nossas relações são muito mais profundas, disse o premier, ressaltando a importância de se estabelecer ligações entre as universidades brasileiras e italianas, além de uma aproximação maior dos setores tecnológicos.
Sem deixar de mencionar que o Brasil conta com 25 milhões de descendentes de italianos, Prodi chegou a afirmar que a intenção e fazer da Itália porta de entrada da Europa para os empreendedores brasileiros.
E, afetos à parte, como no fundo o que interessa mesmo é economia e negócios, Prodi foi enfático: “não vim a esse encontro por acaso. Vim porque quero deixar claro que a América Latina está no centro da nossa política internacional e de comércio exterior”, afirmou. Aliás, o governo italiano vem sinalizando sua disposição em agilizar as tratativas na OMC no sentido de flexibilizar sua política relacionada à agricultura. A ministra do Comércio Exterior da Itália, Emma Bonino, também presente na abertura do evento, deixou clara a sua ambição de avançar nas negociações, embora ressalvasse que a Itália integra uma comunidade e precisa seguir a política da União Européia. Para a ministra, um acordo entre a América do Sul e a União Européia em termos comerciais, de investimento e estratégia depende de vontade política.
Resultados
Uma das principais medidas concretizadas foi o acordo assinado pela Fiesp com o Instituo San Paolo, principal banco da Itália, o Serviço de Apoio à Criação de Empresas e Emprego (Sace), pelo lado italiano, e o BNDES e o Banco do Brasil, pelo lado brasileiro, que facilitará a obtenção de crédito pelas pequenas e médias indústrias, principalmente as que fazem parte dos Arranjos Produtivos Locais. Com isso, um grande problema também fica resolvido: as empresas poderão dar as próprias máquinas como garantia para o financiamento.
Há um ano, a Fiesp começou a trabalhar com o BID, BNDES, Banco do Brasil e a Agência de Promoção de Negócios da Câmara de Comércio de Milão – Promos, com o objetivo de criar instrumentos financeiros para estimular projetos de joint venture de pequenas e médias empresas.
Investimento de US$ 500 mi
Na manhã de terça-feira (24), na embaixada do Brasil em Roma, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, se encontrou com o CEO do Grupo Danieli-Ceará Steel, Giampietro Benedetti, um dos técnicos à frente de algumas ações de investimento no País.
O Grupo é responsável pela Usina Siderúrgica do Ceará e já investiu cerca de US$ 100 milhões na produção de aço na região. Na reunião, o empresário italiano disse que a empresa deverá aportar mais US$ 400 milhões no estado, durante os próximos quatro ou cinco anos.
O ministro Furlan, à tarde, se reuniu com o vice-ministro do Comércio Internacional da Itália Gianfranco Caprioli. Eles avaliaram a possibilidade de os dois governos firmarem parcerias nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia. “Essa ciências são muito desenvolvidas na Itália”, ressaltou Furlan. Os ministros discutiram ainda a viabilidade de promover intercâmbios em várias áreas de interesse mútuo, como, por exemplo, em áreas científicas. O ministro brasileiro avaliou positivamente o encontro e destacou a importância de estabelecer mecanismos de troca de conhecimento, não apenas na área científica, mas, sobretudo, na empresarial.
Etanol
Outro resultado imediato que a missão rendeu ao mercado brasileiro. Em novembro, a diretoria de Meio Ambiente da Confederação das Indústrias Italianas (Confindustria) virá ao País para conhecer a excelência brasileira na produção de etanol.
A decisão surgiu nesta terça-feira (24), logo após a participação do presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, Roberto Rodrigues, que apresentou as vantagens e perspectivas do programa nacional na produção do combustível, pioneiro no mundo.
Os italianos também ficaram entusiasmados com o sucesso obtido com a fabricação de veículos flex fuel, apresentado pelo presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini.
A Missão também realizou visitas técnicas aos parques industriais de Vicenza e Parma, além de um seminário, em Milão, sobre questões técnicas, econômicas e comerciais entre os dois países.
Por tudo isso, na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a Missão Empresarial Brasil-Itália – concluída na sexta-feira (27/) – será fundamental para alcançar o objetivo da entidade em aumentar a corrente de comércio dos dois países para US$ 10 bilhões até 2010.
Aumento do intercâmbio
Confira, abaixo, levantamento da Câmara de Comércio de Milão, que indica, entre outros pontos, que o intercâmbio comercial entre os dois países aumentou 19%:
Rapporti in crescita fra Italia e Brasile. L’interscambio commerciale aumenta in un anno del 19%, passando da oltre 2 miliardi di euro e 400 mila euro nel secondo trimestre 2005 a oltre 2 miliardi e 865 mila euro nel secondo trimestre 2006, +17% solo per l’export. Sono sopratutto le macchine e gli apparecchi meccanici (424.950.620 euro, il 38% del totale dell’export ) ed i mezzi di trasporto (176.069.522, pari al 16% del totale) i prodotti più richiesti.
Ed é Milano la provincia che esporta di più (nel 2006 oltre 192 milioni, il 17,3% del totale nazionale), con un interscambio pari a quasi 356 milioni di euro. Segue Torino, che nel 2006 esporta per un valore di oltre 156 milioni di euro. Al terzo posto Trieste. E su 10 brasiliani presenti in Italia uno è imprenditore, nel secondo trimestre 2006 sono 2871 le ditte individuali con un titolare brasiliano + 12,8% rispetto allo stesso periodo del 2005. Sono presenti soprattutto nel settore dell’edilizia (37,3%) e commercio (23,7%).
Milano è la prima provincia per imprenditori carioca con 407 imprese pari al 14,2% del totale, seconda Verona con 355 (12,4% del totale), terza Mantova con 243 (8,5% del totale). Emerge da un’elaborazione della Camera di commercio di Milano su dati: Istat per il commercio estero e per i residenti e registro imprese per le ditte con titolare di origine brasiliana
Lombardia
La Lombardia è la regione d’Italia con i maggiori rapporti commerciali con il Brasile. Dalla Lombardia infatti salpa verso il Brasile quasi un terzo dell’export totale nazionale (31%) che raggiunge nei primi sei mesi del 2006 il valore di 345 milioni di euro, soprattutto in macchine e apparecchi meccanici (33,4% del totale) e prodotti chimici (22,5%). Lombardia prima anche per numero di imprese che dichiarano un’attività di import-export con il Brasile: oltre 1.500 su 5.273 italiane (29%). E con 857 titolari di ditte individuali di origine brasiliana rappresenta il 30% circa italiano. Un brasiliano su 10 residente in Lombardia è infatti imprenditore, soprattutto nel settore delle costruzioni (51,2%). Emerge da un’elaborazione della Camera di commercio di Milano su dati: Istat per il commercio estero e per i residenti e registro imprese per le ditte con titolare di origine brasiliana.
Milano
Rapporti in crescita fra Milano e Brasile. L’interscambio commerciale aumenta in un anno dell’1,2%, passando da oltre 351 milioni di euro nel secondo trimestre 2005 a quasi 356 milioni di euro nel secondo trimestre 2006, con Milano che pesa per il 53,7% sul totale dell’interscambio lombardo con il Brasile e per il 14% su quello nazionale. Milano la provincia che esporta di più in Italia (nel 2006 oltre 192 milioni, il 17,3% del totale nazionale), e riceve il 10% delle importazioni nazionali. I prodotti milanesi più richiesti sono soprattutto le macchine e gli apparecchi meccanici (57.628.065 euro, il 30% del totale dell’export milanese) ed i prodotti chimici e fibre sintetiche (52.131.481, pari al 27% del totale) mentre le importazioni riguardano soprattutto il settore agroalimentare (prodotti agricoli, 10,2% e alimenti, bevande e tabacco, 18%). Milano detiene il primato delle ditte con rapporti commerciali con il Brasile: 584, il 39% del totale lombardo e l’11% di quello italiano. E sono 104 le aziende brasiliane partecipate da milanesi, rappresentano il 20% della presenza imprenditoriale italiana in Brasile e creano quasi 11.000 posti di lavoro.
Ma anche a Milano è forte la presenza di imprenditori brasiliani: circa 1 su 10 residenti ha un’attività, sono infatti 407 nel secondo trimestre 2006 le ditte individuali con un titolare brasiliano, +22,6% rispetto allo stesso periodo del 2005. Attive soprattutto nel settore dell’edilizia (38,8%) e del commercio (19,7%). Emerge da un’elaborazione della Camera di commercio di Milano su dati: Istat per il commercio estero e per i residenti, banca dati Reprint per le imprese estere partecipate e registro imprese per le ditte con titolare di origine brasiliana.
Fonte:
Redação ORIUNDI