AT&T sai da disputa pela Telecom Italia, que segue aquecida

09/01/2009

A gigante norte-americana de telefonia AT&T abandonou as negociações para comprar uma participação na Olimpia, holding que controla a Telecom Italia, deixando a parceira mexicana América Móvil avaliando quais são as possibilidades a partir de agora. A AT&T e a América Móvil, controlada pelo bilionário mexicano Carlos Slim, iniciaram em 1o de abril conversas exclusivas com a Pirelli para adquirir sua posição de controle na Olimpia, que é dona de 18% da Telecom Italia, quinta maior operadora de telecomunicações da Europa e maior italiana. O direito de exclusividade terminava no próximo dia 30.

A Pirelli informou que a AT&T desistiu das conversas por possíveis dificuldades no âmbito regulatório e comunicou que vai explorar todas as opções para maximizar o valor de sua fatia na Olimpia.

As negociações, que dariam o controle da empresa de 44 bilhões de euros aos proponentes por cerca de 4,5 bilhões de euros, levantaram um amplo debate sobre nacionalismo. O premiê italiano, Romano Prodi, disse no final de semana que ficaria feliz se os investidores locais mantivessem sua posição na Telecom Italia.

Os comentários públicos de Prodi no ano passado sobre a estratégia da Telecom Italia levaram à renúncia de seu chairman, Marco Tronchetti Provera, que ainda comanda a Pirelli e, no final das contas, controla a empresa de telefonia através da Olimpia. O colapso nas negociações com a AT&T ocorrem no momento em que acionistas da Telecom Italia se reúnem para selecionar um novo Conselho de Administração.

O maior banco de varejo da Itália, o Intesa Sanpaolo, vinha conversando com a AT&T e a América Móvil sobre repartir a Olimpia em três, mas as discussões levantaram dúvidas em relação à governança corporativa, disseram fontes próximas à situação na semana passada.

O banco de investimentos italiano Mediobanca também estava trabalhando em uma solução que manteria o controle da Telecom Italia em mãos italianas, possivelmente em conjunto com um parceiro europeu, de acordo com relatos na imprensa.

Há grande expectativa de que a espanhola Telefónica também mire a Telecom Italia após Slim, seu arquirrival na América Latina, ter surgido como possível comprador da empresa italiana. A France Telecom contratou o banco de investimentos Morgan Stanley como assessor para considerar uma ofensiva para compra da Telecom Italia, segundo matéria no jornal britânico The Times. O presidente-executivo do Intesa Sanpaolo, Corrado Passera, disse no sábado que seu banco está considerando várias possibilidades em relação à Telecom Italia.

As discussões transatlânticas foram as últimas em uma série de tentativas de Tronchetti para vender o investimento da Pirelli em telecomunicações. As ações da Telecom Italia encerraram a segunda-feira em queda de quase 2%.

Confronto

A assembléia dos acionistas da Telecom Italia se transformou em um confronto aberto nesta segunda-feira, quando o comediante Beppe Grillo comandou um protesto dos pequenos investidores no grupo, pedindo a renúncia dos executivos. Enquanto a polícia de choque impedia que os manifestantes dos sindicatos entrassem no edifício em que a assembléia estava sendo realizada, na periferia de Milão, do lado de dentro os acionistas culpavam os executivos pela queda abrupta no valor das ações da empresa e pelas detenções de funcionários do setor de segurança do grupo em um inquérito quanto a suspeitas de uso ilegal de registros telefônicos.

“A administração do grupo deveria renunciar, depois de causar esse tipo de embaraço. Nos Estados Unidos, essa gente seria sentenciada a 20 anos de cadeia”, disse Grillo, que critica há muito as elites italianas, em discurso aos acionistas. Os executivos da maior operadora italiana de telefonia negaram quaisquer delitos.

Grillo, que informou em seu blog ter sido convidado por mais de quatro mil pequenos acionistas da empresa a representá-los, começou a estabelecer credenciais como comentarista das atividades de grandes empresas ao alertar quanto a problemas no grupo alimentício Parmalat um ano ates de seu colapso, em 2003, o que resultou na maior concordata da história da Europa.

Fonte:
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