Argentina e Bolivia devem assinar amanha reajuste de 43% do gás

09/01/2009

A Argentina assinará com a Bolívia amanhã um acordo sobre o gás natural que importa do país andino, que inclui um aumento de 47% no preço e um forte incremento no volume adquirido, disse uma fonte diplomática. Os dois países vêm negociando há meses. A cerimônia reunirá em Buenos Aires os presidentes argentino, Néstor Kirchner, e boliviano, Evo Morales.

“Já está tudo acordado. Assinam [amanhã] o presidente Kirchner e o presidente Evo Morales. O valor é de US$ 5 por milhão de BTU [unidade térmica britânica]”, disse o embaixador da Bolívia na Argentina, Ortiz Mercado.

Atualmente, a Argentina paga US$ 3,4 por milhão de BTU. O novo preço implica aumento de 43%.

O acordo prevê ainda um aumento das exportações de gás boliviano para a Argentina, para até 20 milhões de metros cúbicos diários, disse Mercado. A Argentina compra hoje cerca de 5,5 milhões de metros cúbicos por dia, pouco mais de 4% de seu consumo total e abaixo do máximo de 7,7 milhões de metros cúbicos que está autorizada a comprar até dezembro.

Morales nacionalizou em maio os hidrocarbonetos e logo após pleiteou um aumento do preço do gás que o país vende ao Brasil e à Argentina. O contrato com a Argentina, porém vencia este ano e estava em processo de renovação. A Bolívia produz 33 milhões de metros cúbicos diários, dos quais vende 22 milhões ao Brasil.

O acordo tem um capítulo dedicado a investimentos que se farão com as alianças de estatais dos dois países. “Vamos empreender projetos comuns. Precisamos de plantas de separação de líquidos e usinas termoelétricas.”, disse Mercado. A Argentina estuda ampliar o duto que leva gás ao nordeste do país.

O chanceler boliviano, David Choquehuanca, disse que os presidentes assinarão ainda “declaração conjunta pelo fortalecimento da democracia e regulariza a situação de imigrantes bolivianos”.

As condições precárias dos imigrantes bolivianos que trabalham na Argentina já provocou protestos e tornou-se um ponto de tensão na relação dos dois países.

Fonte:
Valor Economico
28/6/2006