América Latina em recessão, Brasil estagnado: JPMorgan vê 2009 com pessimismo
14/12/2008
"À luz da severidade do declínio e persistência dos riscos de declínio para a economia global, nós estamos cortando nossas previsões para a América Latina pela segunda vez. Nós agora esperamos que a região contraia 0,4% em 2009", informa a equipe do banco, prevendo o pior declínio desde 1983. A projeção anterior era de crescimento de 1,5%.
Segundo eles, nenhum país sairá ileso desta crise: os cinco anos de abundância e crescimento acima da média chegaram ao fim, deixando em foco apenas as preocupações em relação à duração e intensidade dos problemas financeiros internacionais.
Às vésperas de 2009, um ponto positivo…
Na análise do Morgan Stanley, a América Latina possui um ponto inegavelmente positivo. Os cinco anos de avanço foram bem aproveitados, levando a uma massiva acumulação de reservas, melhoras nas contas correntes e nos resultados fiscais. Dessa forma, ela entra nesta crise mais bem preparada do que em períodos de declínio anteriores.
"Nós começamos a ver alguns desequilíbrios no crescimento das contas correntes neste ano", contam os analistas. Porém, eles acreditam que o processo de ajuste fiscal e da conta corrente provavelmente será menos doloroso do que foi no passado. "Resumindo, a América Latina parece estar em muito melhor forma para lidar com um declínio da economia global do que no passado".
…e dois negativos
Contudo, embora o ponto de partida da América Latina seja melhor hoje, ele não supera todos os problemas a serem enfrentados, principalmente aqueles referentes a condições internas da região. Olhando para 2009, o Morgan Stanley ressalta dois pontos que pedem cautela em relação à América Latina.
O primeiro é o espaço limitado das autoridades monetárias para se engajarem em políticas contra-cíclicas, que provavelmente não resultarão em estímulos significativos para a região, segundo a instituição. A conclusão parte de três pontos:
O segundo ponto negativo ressaltado pelo Morgan Stanley é o risco de haver deslize ou reversão da política monetária. "Nós não ficaríamos surpresos de ver uma tendência regulatória através da região que poderia levar a nacionalizações".
Conforme a análise do banco, ainda é muito cedo para afirmar que haverá tais problemas na América Latina, porém, com as políticas adotadas nos países desenvolvidos remetendo a movimentos de nacionalização, o risco é que os países latino-americanos adotem políticas adaptadas e acabem por gerar regulações onerosas.
Brasil
As projeções para o Brasil não são muito melhores, com o banco prevendo crescimento nulo da economia do País em 2009. Além disso, o Morgan Stanley também prevê uma maior depreciação do real frente ao dólar. Se antes as estimativas apontavam para a moeda norte-americana a R$ 2,30 ao final do próximo ano, agora as projeções são de R$ 2,70.
De acordo com o analista Marcelo Carvalho, o Brasil provavelmente está em recessão, iniciada no quarto trimestre deste ano. Um dos maiores problemas, segundo Carvalho, é a previsão de menores investimentos em 2009, já que o capex (capital de investimento) deve registrar forte redução e passar ao campo negativo no próximo ano.
"Enquanto a economia afunda em território de recessão, o Banco Central pode escolher acomodar parcialmente a superação da meta de inflação", afirma o Morgan Stanley, acrescentando que, na opinião de seu analista, o Banco Central não está apressado para cortar agressivamente a taxa básica de juro, o que deve acontecer no final de 2009.
Fonte:
Info Money