Amazônia tem maior potencial para atenuar mudanças climáticas

09/01/2009

A colocação em prática de mecanismos financeiros para evitar o desmatamento mobilizaria a cada ano bilhões de euros no mercado de carbono, impulsionando a conservação das grandes florestas como a Amazônica. É o que revelou ontem estudo publicado pela Royal Society, em, Londres.

Uma redução de 10% do desmatamento no mundo geraria entre 1,5 e 9,1 bilhões de euros anuais no mercado de carbono, segundo os autores do estudo, baseado em múltiplas hipóteses dos preços de carbono (entre cinco e 30 euros a tonelada de CO2) e do ritmo de desaparecimento das florestas.

O relatório A Mudança Climática e o Futuro do Amazonas foi publicado em uma edição especial de uma revista da entidade britânica Royal Society. Globalmente, a Amazônia representa a região de maior potencial para contribuir e atenuar a mudança climática através da redução das emissões de dióxido de carbono.

Entre 1990 e 2005, cerca de 26% do desmatamento mundial, equivalente a 3,7 milhões de hectares, foram registrados no conjunto de países da Amazônia: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Devido à forte densidade de carbono nessas florestas, esta cifra corresponde a cerca de 46% das emissões globais de CO2 resultantes do desaparecimento das florestas.

A idéia de fixar um preço para cada árvore correspondente ao carbono que armazena durante toda sua vida e evitar assim o corte das florestas está ganhando adeptos nas conferências internacionais sobre o clima. Os governos que abrigam vastas extensões de florestas como o Brasil e a Indonésia apóiam a criação desse tipo de mecanismo batizado de “Redução de emissões procedentes do desmatamento ou degradação”.

Aquecimento é fato
O aquecimento climático já levou a Terra a uma crise e o setor energético tenta ocultar sua extensão ao público. Foi o que afirmou o principal especialista em clima da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa) norte-americana, James Hansen. “As emissões de dióxido de carbono na atmosfera já alcançaram um nível perigoso de 385 partículas por milhão, o que representa um ponto crítico”, explicou Hansen, que, aos 67 anos, dirige o Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa em Nova York.

Ele pediu, em um artigo publicado ontem na revista Science, o fechamento até 2030 de todas as centrais de energia elétrica que funcionam a carvão e a taxação das emissões. Também defendeu a proibição da construção de novas centrais, caso não tenham um sistema para captar as próprias emissões de dióxido de carbono.

O principal obstáculo para resgatar o planeta não é de origem tecnológica, alertou Hansen: “O problema é que 90% da energia é produzida com recursos fósseis. E é um negócio enorme que se infiltrou em nosso governo”, destacou. (das agências de notícias)

Fonte:
Jornal o Povo