Álcool para japonês comprar

09/01/2009

Pradópolis (SP), 15 de Setembro de 2004 – Primeiro-ministro confirma interesse em adquirir o produto brasileiro. O governo brasileiro deu mais uma tacada na tentativa de convencer os japoneses a aderirem ao uso do álcool combustível, o que abriria uma nova fronteira para as exportações do produto. De olho em um mercado que pode chegar a 1,8 bilhão de litros de etanol por ano – 10% da produção nacional -, o governo brasileiro incluiu na visita ao Brasil do primeiro- ministro japonês, Junichiro Koizumi, uma passagem pela região de Ribeirão Preto (SP), principal produtora de etanol.

Após conhecer a usina São Martinho, localizada em Pradópolis (SP), Koizumi confirmou o interesse japonês na importação do etanol brasileiro. “Estamos dispostos a importar o álcool combustível do Brasil porque é bom para o meio ambiente e precisamos reduzir a poluição e cumprir o Protocolo de Quioto”, disse.

Koizumi negou que esteja nos planos imediatos do Japão investir na produção de álcool no Brasil. “Isso não está na pauta de negociações entre os dois países, mas é claro que, no futuro, podemos criar um espaço para estudar essa possibilidade.” Hoje, já existe no Japão uma lei que permite a adição de 3% de álcool na gasolina. Mas a adição não é obrigatória.

A idéia de levar Koizumi para conhecer a principal região produtora de álcool do País, segundo o ministro brasileiro da Agricultura, Roberto Rodrigues, foi estratégica.

“Nosso objetivo foi mostrar a dimensão do processo produtivo brasileiro de álcool e acabar com uma das principais resistências do governo japonês em aderir ao uso do etanol, que é o receio de descontinuidade no fornecimento do produto em caso de um acordo”, explicou. “Queremos que eles vejam de perto a estrutura que temos de plantação de cana e de produção de álcool.”

Segundo Rodrigues, outra preocupação dos japoneses se refere aos resíduos liberados na combustão do álcool e que também poluem. “Precisamos provar que a redução na emissão do gás carbônico é muito maior do que os resíduos liberados pelo álcool, o que é uma vantagem do ponto de vista ambiental”, disse.

Gazeta Mercantil
Jiane Carvalho
15/9/2004