Alckmin deixará governo até abril
09/01/2009
Governador confirmou ontem que sairá do Palácio dos Bandeirantes para poder ficar ‘à disposição’ do seu partido
Folhapress
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), confirmou ontem que deixará o cargo até 1 de abril para tentar concorrer à Presidência da República. Alckmin, que trava uma batalha com o prefeito da Capital, José Serra (PSDB), pelo posto de candidato tucano, disse que, fora do governo paulista, estará “à disposição” do partido, mas adiantou que não pretende concorrer a outra cadeira que não seja a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Pela lei, quem quiser ser candidato, se no dia 2 de abril estiver no governo está inelegível. Então nós vamos sair antes”, afirmou o governador, após evento numa escola da zona sul de São Paulo, referindo-se ao prazo de descompatibilização de quem tem cargo no Executivo para concorrer nas eleições de outubro.
Além de Alckmin, também devem sair do governo estadual vários nomes do primeiro escalão. Até o final de 2005, o governador mantinha aberta a possibilidade de permanecer até o fim do mandato, em 31 de dezembro, caso não fosse o escolhido do PSDB para concorrer ao Planalto. Nos bastidores, alguns dirigentes tucanos tentam convencer o governador a deixar o cargo bem antes de 1 de abril, o que, na visão deles, evitaria que Serra consolidasse sua candidatura à Presidência.
Serristas não acreditam que o governador venha a tomar uma decisão tão radical. Segundo as pesquisas de opinião, o prefeito de São Paulo ficaria à frente de Lula já no primeiro turno e ganharia com boa vantagem no segundo -Alckmin fica atrás do presidente no 1º e empatado tecnicamente no 2º. “A pesquisa é um instrumento, não é um fator decisivo, mas é um fator orientador”, disse ontem Alckmin, para quem tais levantamentos não serão determinantes na escolha do candidato tucano.
Questionado se concorrerá ao Senado caso não seja escolhido para disputar a Presidência, Alckmin respondeu: “Não. Sou candidato a trabalhar pelo Brasil e gosto do Executivo. Sou candidato a presidente da República, vou trabalhar, acho que as coisas estão indo muito bem, estão caminhando naturalmente”, disse. Com Alckmin fora, o vice Cláudio Lembo (PFL) assumirá o Estado por nove meses.
Ainda no evento de ontem, o governador comentou a sucessão estadual, e citou o nome de Gabriel Chalita, seu secretário de Educação, como um dos prováveis candidatos tucanos. Ressaltou que não faria indicação ao posto e, em seguida, citou outros possíveis candidatos do partido.
Lembo
Advogado que iniciou sua carreira política na Arena, partido responsável pela sustentação política do regime militar (1964-1985), o vice-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, foi motivo de racha entre tucanos ao ser escolhido para ser o número dois na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições de 2002.
Na convenção tucana daquele ano, dirigentes ligados ao governador Mário Covas, que morreu em 2001, foram resistentes a dar a vaga de vice ao pefelista. “Lembo representa o regime militar, que tantos tucanos lutaram para combater”, chegou a dizer, na época, Jaime Pereira, dirigente zonal do PSDB paulistano.
Geraldo Alckmin, principal entusiasta da coligação PSDB-PFL, defendeu a indicação de Lembo para o cargo. “O tempo de ditadura já acabou”, respondeu. Apesar da resistência inicial de parte dos tucanos, Lembo se tornou, com o aval do governador Geraldo Alckmin, um homem de confiança dentro do governo paulista. Atualmente, no secretariado do governador tucano, a cota pefelista se resume a duas pastas: Juventude e Justiça. Esse número que deve ser ampliado caso Lembo assuma o Estado com a eventual saída de Alckmin para disputar a sucessão presidencial.
Gestão municipal
Ex-advogado do banco Itaú, Cláudio Lembo nunca teve expressão eleitoral relevante. Mas participou ativamente da política paulistana nos últimos anos. Foi secretário municipal de Negócios Jurídicos na administração Jânio Quadros, entre 1986 e 1988. Neste período, chegou a assumir interinamente a prefeitura diversas vezes. Ainda em 1988, o ontem vice-governador disputou uma vaga ao Senado, mas acabou derrotado.
Em 1989, nas primeiras eleições presidenciais após o regime militar, Lembo lançou-se candidato a vice-presidente da República, compondo a chapa com o presidenciável pefelista Aureliano Chaves. As incursões do vice-governador na política paulistana continuaram em 1993, quando assumiu a pasta de Planejamento da gestão Paulo Maluf (1993-1996). Ficou poucos meses no primeiro escalão malufista, mas manteve sua influência política, indicando aliados para postos-chave da prefeitura, inclusive durante a gestão do ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000).
Um dos padrinhos políticos do vice-governador é o ex-presidente da República e senador Marco Maciel (PFL-PE), de quem Lembo foi chefe de gabinete no Ministério da Educação, em 1985. Antes de ser indicado como o vice de Geraldo Alckmin nas eleições de 2002, o pefelista ocupou cargos de direção na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, inclusive o de reitor.
Fonte:
Jornal da Cidade