A recuperação econômica da Argentina e suas armas contra a inflação
09/01/2009
A economia argentina vem surpreendendo o mercado financeiro. Nos primeiros dez meses de 2005, o crescimento do país já soma 8,9% e deve fechar o ano em 9%.
Essa expansão é atribuída ao incremento de demanda, com aumento da emissão monetária e do gasto público, o que denuncia que a opção do governo tem sido manter uma taxa de crescimento elevada, mesmo que isso resulte numa fatídica inflação alta.
Desde que a Argentina começou a sair de sua pior crise política e econômica, em agosto de 2002, até o mesmo mês deste ano, a nação acumulava um crescimento de 30,4%. Com esse avanço, o país já ultrapassou a queda de mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) registrada durante a recessão e a histórica crise, entre 1998 e 2001.
Apesar de um cenário aparentemente positivo, a recomendação ainda é de cautela para aplicação no país, já que a Argentina ainda registra fraca participação externa de investimentos, e seu potencial ainda é bem inferior ao do Brasil.
A aposta do investidor brasileiro em terras portenhas ainda pode proporcionar muitos riscos desnecessários, já que o interessado pode fazer suas apostas em mercados mais consistentes.
Para atrair investimentos, a Argentina deve modernizar de seu parque de máquinas, conter a taxa inflacionária, entre outras estratégias. O foco agora é combater a inflação, que deve fechar o ano em 11%, segundo o governo, embora analistas argentinos apostem em um índice de 11,5%.
Concluída a fase eleitoral, o governo anunciou um pacote que deve fazer com que o ritmo dos aumentos desacelere através da retração no custo das empresas, incremento da oferta de produtos básicos e diminuição do montante de dinheiro em circulação.
A medida, no entanto, deve trazer efeitos dinâmicos apenas no curto prazo. O governo suspendeu as restituições de impostos concedidas a exportadores de 200 itens básicos, principalmente alimentos como carne bovina, peixe, frango, leite e seus derivados. O objetivo é aumentar a oferta de produtos no mercado interno.
O setor mais impactado pela medida deve ser o agropecuário, cujas exportações já são taxadas com um imposto de importação, que vai de 5% a 20%. O segmento perde uma média de 5% sobre o valor taxado da compensação parcial do reembolso.
Um incremento de compulsório, proporção de dinheiro que as instituições financeiras têm de manter imobilizado, também foi reivindicado pelo governo junto ao Banco Central argentino para diminuir a liquidez.
A estratégia tem o objetivo de reduzir o montante de pesos em circulação, ao mesmo passo que o BC poderia investir na compra de dólares para manter o peso argentino desvalorizado.
A retirada da moeda argentina da economia deve acontecer sem custo. Além disso, será elaborada uma política para que os recursos retidos com a aplicação do compulsório possam ser liberados, desde que aplicados em projetos de longo prazo.
Fonte:
Dinheiro vivo
Gleyson Pereira