6 investimentos para você ganhar mais e compensar a queda dos juros

05/09/2012

SÃO PAULO – Desde que atingiu o pico de 45% ao ano em 1999, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) tem se mantido em uma tendência contínua de queda. Assim, quem aplicava sem preocupações em um fundo DI, por exemplo, e conseguia retornos de 15% a 20% ao ano, precisará buscar alternativas bem menos conservadoras para tentar alcançar uma rentabilidade próxima. Até mesmo aqueles que se contentavam com o rendimento quase garantido da poupança em torno de 7% ao ano vão ter de começar a se mexer.

No início de maio, a remuneração dos depósitos em poupança que fossem realizados a partir de então passaram a ter a rentabilidade atrelada à Selic. A caderneta passou a pagar o equivalente a 70% da taxa básica de juros da economia brasileira mais a TR (Taxa Referencial) sempre que a Selic estiver em 8,5% ao ano ou menos.

Dinheiro - notas de Reais

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“Aquela história de aplicar em qualquer ativo de renda fixa e obter elevados retornos sem grandes esforços chegou ao fim”, diz o economista e especialista em investimentos, Richard Rytenband.

Confira as opções de investimento que podem ser boas alternativas no cenário de mudança na rentabilidade da poupança, de Selic em patamares mais baixos e de incertezas no mercado de ações.

Fundo Imobiliário
Substituto de um investimento convencional em imóveis, o fundo imobiliário dá oportunidade para que pequenos investidores também possam ser donos de um shopping center, um grande prédio de escritórios ou um galpão industrial. Com muito menos dinheiro no bolso, o cotista investe em um empreendimento de alto nível sem se preocupar com inquilinos, manutenção, tributação, etc.

Em um fundo imobiliário, a rentabilidade pode vir da valorização da cota ou da renda dos aluguéis. “A maioria dos fundos investe em imóveis com renda frequente, mas há uma pequena parcela que aplica em títulos imobiliários de renda fixa ou negócios de incorporação”, diz o consultor Sérgio Belleza Filho.

Semelhante a fundos de ações ou renda fixa, a administração é feita por um gestor. “A diferença é que os imobiliários são fundos fechados, o que significa que não há resgate e, sim, compra e venda de cotas em Bolsa de Valores”, explica Belleza.

Por quê? São menos arriscados do que a Bolsa de Valores. Os preços das cotas são menos voláteis do que as ações e estão atrelados mais à renda gerada pelo aluguel dos imóveis do que às expectativas de crescimento econômico mundial.

Riscos
* Inadimplência – o inquilino do imóvel pode não pagar o aluguel ou pagar com atraso.

* Liquidez – o número de negócios com quotas aumentou muito, mas ainda há fundos em que pode ser necessário oferecer algum deságio para vendê-las rapidamente
* Mercado – o empreendimento pode perder valor e, portanto, afetar as cotas do fundo.
* Vacância – um imóvel está exposto ao risco de passar por um período de desocupação.

Dividendos
Uma das estratégias usadas entre investidores conservadores que entram na Bolsa é montar uma carteira focada em dividendos. “O investidor com foco em dividendos é o sujeito interessado em formar patrimônio”, diz o gerente geral do INI (Instituto Nacional de Investidores), Mauro Calil.

Na prática, o investidor aplica nas ações esperando receber a remuneração proporcionada pela distribuição do lucro aos acionistas, que também pode vir na forma de juros sobre capital próprio.

No Brasil, uma companhia de capital aberto é obrigada a distribuir 25% do seu lucro líquido, mas algumas chegam a repartir muito mais do que o lucro auferido. O indicador que mede a parcela do lucro reservada para distribuição é conhecido como “pay out”. Outro critério usado nessa estratégia é analisar o chamado “dividend yield”, que aponta a porcentagem do dividendo pago sobre o valor da ação.

Por quê? Empresas com boa distribuição de lucro são vistas como uma alternativa de investimento para resguardar o capital em tempos de crise, porque tendem a oscilar menos que as outras em momentos de baixa na Bolsa.

Riscos
* Economia – um cenário de crescimento econômico mais lento pode reduzir o lucro da companhia, sobrando menos para distribuição.
* Mercado – ainda que o investidor ganhe rentabilidade com os dividendos, ele pode perder capital se o preço do papel cair.
* Prejuízo – a companhia pode ter prejuízo em determinado exercício e deixar de distribuir dividendos.

Fundo multimercado
Como o próprio nome diz, o fundo multimercado pode investir em diversos ativos, como ações, títulos públicos, dólar, juros e até mesmo commodities. “Todo ativo que você pode imaginar pode compor a carteira de um fundo multimercado, mas o gestor deve seguir o que está no prospecto”, resume o diretor da gestora Queluz, Luiz Augusto Monteiro.

Neste tipo de aplicação, cabe ao gestor analisar o cenário e compor a carteira com os ativos que ele acredita serem os mais adequados para o momento. “Se o gestor acredita, por exemplo, que o dólar vai subir, ele comprará contratos futuros da moeda com os recursos dos cotistas”, ensina Monteiro.

Por quê? O fundo multimercado pode ser uma boa opção para o investidor de perfil mais agressivo, que pretende acessar mais de um mercado ao mesmo tempo. Também é uma boa maneira de dispersar os riscos.

Riscos
* Alavancagem – em fundos com alavancagem o gestor pode apostar sem ter o dinheiro, esperando que a operação seja bem sucedida, o que pode não ocorrer. Nestes casos, o cotista pode perder o capital aplicado e ainda ter que fazer aportes adicionais para zerar o prejuízo que excedeu o patrimônio do fundo.
* Crédito – o emissor do título que compõe a carteira do fundo pode não pagar o valor aplicado no vencimento.
* Estratégia – a estratégia adotada pelo gestor do fundo pode falhar, resultando em rentabilidade negativa.
* Mercado – o preço dos ativos que compõem o fundo pode cair, produzindo impacto negativo no patrimônio.

LCI
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um título de renda fixa emitido por bancos e lastreado por empréstimos imobiliários. Os títulos podem ter rentabilidade pré ou pós-fixada.

Entre as principais vantagens da aplicação está o fato dela ser isenta de IR (Imposto de Renda). “Isso eleva a rentabilidade líquida das LCIs para um patamar acima de 100% do CDI”, explica o diretor de varejo da corretora H. Commcor, Rafael Pacheco.

Outro ponto que diferencia a LCI é o fato de a aplicação ser garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 70 mil. Isto quer dizer que, caso a instituição bancária onde você investe “quebre”, o FGC garante até este limite. O investidor astuto que investir em LCI menos de R$ 70 mil por instituição financeira estará comprando, portanto, um título de renda fixa com retorno elevado e baixíssimo risco.

Por quê? O fato de ser isenta de IR faz da LCI uma boa opção de investimento, ainda mais com a Selic em um patamar mais baixo. Isto porque, em um cenário de juros menores, qualquer tipo de vantagem – seja ela tributária ou a isenção de taxas – aparece como um diferencial importante.

“Uma LCI de 92% do CDI equivale a um CDB de 118% do CDI, no caso de permanência inferior a 6 meses (devido à alíquota de IR, de 22,5% para este prazo). No caso de permanência superior a 2 anos, a LCI equivaleria a um CDB de 108% do CDI”, diz Pacheco.

Riscos
*Risco de liquidez – A liquidez é a principal desvantagem da LCI. “Geralmente só é possível liquidar a aplicação no vencimento do contrato, que costuma ter prazo de 90 a 180 dias”, afirma Pacheco.

*Crédito – A LCI também tem o risco de crédito, em caso de “quebra” do banco que emitiu o título. Entretanto, o fato deste investimento ser garantido pelo FGC até R$ 70 mil traz maior segurança para o investidor que respeitar esse limite.

Fundo de renda fixa com ativos atrelados à inflação
Os fundos de renda fixa são aplicações consideradas conservadoras ou moderadas pois devem ter pelo menos 80% de seus recursos aplicados em títulos públicos.

Mesmo não tendo uma classificação específica na Anbima, alguns fundos de renda fixa priorizam os títulos indexados à inflação, procurando ganhar com a elevação das expectativas futuras dos índices de preços.

Por quê? No atual cenário de juros mais baixos, existe a possibilidade de aumento da inflação por demanda. Isto porque, com os juros mais baixos, as pessoas tendem a consumir mais, o que pode elevar o preço dos produtos.

Por isso, com objetivo de proteger o portfólio de investimentos de um eventual avanço dos preços, o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, afirma que todo investidor deve ter pelo menos uma parte do seu portfólio atrelado à inflação. “O tamanho do investimento depende do apetite de risco do investidor, mas acho que pelo menos 10% tem que estar indexado ao índice de preços justamente para momentos de repique inflacionário”, diz.

Riscos
*Crédito – Caso o emissor do título que está na carteira do fundo não honre o compromisso de pagar o valor aplicado no vencimento.

*Liquidez – Os fundos sempre tem uma probabilidade baixa de não conseguirem efetuar o pagamento do resgate da cota quando solicitado. Isso pode acontecer pela falta de liquidez dos ativos que compõem a carteira do fundo ou pelo recebimento de vários pedidos de resgate ao mesmo tempo.

Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas por meio da internet. Para o investidor, esta é uma opção de investimento segura (os títulos públicos são considerados os ativos mais seguros de um país) e de custo baixo, que pode garantir um retorno compatível com os melhores investimentos de renda fixa.

Existem diversos tipos de títulos que podem ser comprados pelos investidores, cada um mais indicado para determinado cenário econômico.

Por quê? Os títulos públicos podem ser uma boa alternativa pelo fato de possuírem baixo risco de crédito e taxas menores do que aquelas cobradas nos fundos de investimentos, por exemplo.

Atualmente, a maior parte dos especialistas ouvidos pelo InfoMoney recomenda a compra de títulos atrelados à inflação, as NTN-B (Nota do Tesouro Nacional, série B). Isso porque ainda existem receios de que os índices de preços registrem elevação. “Tenho certa preocupação com a possibilidade de ver a inflação aumentando. Não acredito em nada avassalador, mas é possível ter uma alta de preços nos próximos meses, o que diminuiria a taxa de juros real”, diz o professor do Ibmec, Luis Filipe Rossi.

Riscos
*Crédito – O risco de crédito existe, mas é muito baixo. Os títulos emitidos pelo governo são considerados os ativos mais seguros do mercado.

*Mercado – Os títulos públicos também possuem volatilidade (alguns mais do que outros) e o preço do título pode oscilar durante o período de sua validade. Assim, se o investidor precisar resgatar o papel antes do vencimento, pode conseguir um valor menor do que o aplicado – ou maior, dependendo da oscilação.

 

Fonte:
Info Money