Câmara lança o projeto Dieta Mediterrânea

15/01/2004

A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria lançou em São Paulo, no dia 25 de setembro, em coletiva de imprensa, que reuniu os principais jornalistas e críticos do setor da gastronomia, o projeto ?Dieta Mediterrânea?, cujo objetivo é difundir os benefícios do padrão alimentar dos habitantes dos países mediterrâneos ? em especial os da Itália.

A primeira iniciativa do programa foi a realização no dia 29 de setembro do Seminário sobre a Dieta Mediterrânea na Universidade Anhembi Morumbi ? Faculdade de Gastronomia, que reuniu importadores, críticos de gastronomia, representantes de restaurantes, nutricionistas e imprensa especializada. O tema do evento foi apresentado por um especialista italiano, Giuseppe Rinaldi, e dois brasileiros ? o endocrinologista Filippo Pedrinola e a nutricionista Gillian Alonso Arruda.

Os palestrantes abordaram a Dieta Mediterrânea sob diferentes aspectos e mostraram porque pesquisadores do mundo inteiro têm-se voltado, especialmente nas três últimas décadas, para o estudo do padrão alimentar da região do Mediterrâneo.

Por um lado foi considerado o produto típico italiano como fruto de uma cultura sofisticada e milenar, por outro lado foi dada ênfase aos efeitos benéficos à saúde no consumo dos produtos que constituem a ?dieta?.

Ao divulgar o conceito e os benefícios da Dieta Mediterrânea, a Câmara Ítalo-Brasileira pretende igualmente divulgar a qualidade e os sabores dos produtos italianos para um público consumidor potencial no Brasil. Entre eles, o azeite de oliva, as massas, o tomate e seus derivados e o vinho tinto ? as ?estrelas? da Dieta Mediterrânea ao lado de frutas (frescas e secas), legumes e verduras.

No Brasil, o consumo de massa permanece estável em torno de 5,6 quilos/por habitante/ano, um índice semelhante ao de países com pouca tradição no consumo de massas, como a Espanha, o Chile, o Canadá e Portugal. Em 2002, foram comercializadas 927,9 mil toneladas de pastas secas, volume 2,2% abaixo das 948,8 mil toneladas consumidas em 2001. Já o segmento de grano duro registra crescimento de 10% no mesmo período, saindo de 38,0 mil toneladas em 2001 para 41,9 mil toneladas no ano passado. Tal crescimento se deve, basicamente, à entrada de fabricantes brasileiros de massa de grano duro, que hoje detém 76% do segmento.

Erica C. Bernardini

Alimentação mediterrânea: mais que uma dieta, uma cultura alimentar saudável e saborosa.

Como tudo começou

Nos anos 1950 veio o estalo. Especialistas americanos liderados por Ancel Keys, pioneiro pesquisador da área de nutrição, analisaram os padrões alimentares em 16 populações diferentes, em sete países. Seu trabalho marcante, conhecido como o Estudo dos Sete Países (Seven Countries Study) foi a primeira grande pesquisa sobre a associação entre dieta e doenças cardíacas. Uma das descobertas mais intrigantes desse estudo foi que as pessoas que viviam em Creta, outras partes da Grécia e no sul da Itália tinham uma elevada expectativa de vida adulta e baixíssima incidência de doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. O Seven Contries Study certamente levantou a possibilidade de que a dieta mediterrânea poderia proporcionar boa saúde e vida longa De lá para cá, só aumentou o número de trabalhos científicos que mostram que Keys e seus colegas estavam no caminho certo. Por exemplo, um grupo de pesquisa liderados pelo Dr. Willett , chefe do Departamento de Nutrição da Harvard School of Public Health, documentou que os principais elementos dos estilo de vida mediterrâneo estão ligados ao menor risco de muitas doenças, mesmo quando praticados por pessoas que moravam nos Estados Unidos.
Resultados do Nurses? Health Study documentaram que a incidência de doença cardíaca poderia ser reduzida em pelo menos 8% com mudanças na alimentação e no estilo de vida.

Como funciona a ?Dieta Mediterrânea?

A região do mediterrâneo é formada por países de três continentes diferentes: Itália, Grécia, Espanha, Iugoslávia, França e Albânia (da Europa), Egito, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos (da África), Turquia, Israel, Síria e Líbano (da Ásia), onde todos são banhados pelo mesmo mar: o Mediterrâneo. Apesar das diferenças culturais, religiosas, econômicas e sociais entre eles, certas características geográficas comuns (clima, temperatura e solo) influenciaram sua agricultura e conseqüentemente seus hábitos alimentares ao longo dos séculos.
A dieta mediterrânea tradicional se caracteriza pela abundância de alimentos como pão, massas, verduras, legumes, frutas e frutas secas, azeite de oliva como principal fonte de gordura, moderado consumo de peixes e carnes brancas, lácteos e ovos, pequenas quantidades de carnes vermelhas e pequenas ou moderadas quantidades de vinho, consumido normalmente durante as refeições.
Mas, o que a faz diferente em relação à alimentação das outras regiões do mundo? Há um baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e doces (ricos em gordura e açúcar refinado).
De uma maneira geral podemos dizer que essa dieta é pobre em ácidos graxos saturados, rica em carboidratos e fibras, e tem alta concentração de ácidos graxos monoinsaturados derivados do azeite de oliva. O resultado dessa combinação faz com que os povos dessa região desenvolvam menos doenças e vivam mais.
Tudo isso graças à presença dos alimentos vegetais minimamente processados que oferecem alto teor de nutrientes protetores da saúde; as fibras ativam o funcionamento intestinal e ajudam no controle do colesterol; e também são repletos de vitaminas, minerais e antioxidantes, substâncias que bloqueiam reações químicas que desencadeiam tanto doenças como o envelhecimento. Ainda fortalecem as defesas, tornando as membranas das células resistentes à ação dos radicais livres.

Perfil da ?dieta mediterrânea?:
1- Pobre em ácidos graxos saturados
2- Maior proporção de gordura monoinsaturada
3- Rica em carboidratos e em fibras

Benefícios da ?dieta mediterrânea? para a saúde:
1- Protege o coração contra o infarto e doenças cardiovasculares.
2- Diminui o risco de câncer.
3- Retarda os danos ao cérebro causados pelo envelhecimento.
4- Aumenta a expectativa de vida.

?Dieta mediterrânea?, para viver mais e melhor

O desejo de ter uma vida mais saudável é um dos anseios mais íntimos de grande número de pessoas nesse novo milênio. Queremos ter mais energia, menos doenças, mais anos de vida como boa saúde. Aliada às descobertas da medicina e amparada por elas, a dieta do mediterrâneo tem se revelado como instrumento valioso e prático para investir na própria saúde, a médio e longo prazo.