Europa dividida: euro forte é bom para sua economia?

09/01/2009

FRANKFURT, Alemanha, 27 out (AFP) – A Europa parece dividida sobre a repercussão de um euro forte: alguns consideram essa realidade nefasta para o comércio exterior, mas outros destacam que a fortaleza da moeda única européia alivia a conta do petróleo.

Entre os pessimistas está o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, que classificou esta terça-feira de “preocupante” a valorização do euro frente ao dólar, de 3% em 10 dias e 7% em seis meses. A alta da moeda única européia pode encarecer e afetar as exportações alemãs, no momento o único motor do fraco crescimento do país, maior economia da zona do euro.

A Comissão Européia e o Banco Central Europeu (BCE) preferem não dar ainda o sinal de alerta. O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Joaquin Almunia, opinou que a valorização do euro “é positiva, pois reduz a conta energética, cobrada principalmente em dólar, e reduz as pressões inflacionárias”.

“A valorização da moeda européia não é motivo de preocupação”, disse na semana passada um dos diretores do Banco Central Europeu (BCE), José-Manuel Gonzalez-Paramo.

“É claro que em uma semana a valorização do euro foi espetacular. Mas em um ano, a alta foi de apenas 2% a 3%, pouca coisa”, comentou Michael Schubert, economista do Commerzbank. Além disso, as exportações alemãs mantêm como nunca um bom nível, acrescentou.

A maioria dos especialistas aposta em uma maior desvalorização do dólar, devido ao déficit americano. Os analistas do Deutsche Bank, por exemplo, prevêem que o euro será negociado a 1,32 dólar nos próximos seis meses, e a 1,35 dólar dentro de um ano.

Um euro forte a longo prazo seria preocupante para as exportações européias, até agora estimuladas pela forte reativação mundial, opinou Schubert. Atualmente, mais do que o câmbio, as empresas européias temem uma redução da demanda mundial, que afetaria seu comércio exterior.

Segundo o instituto alemão de conjuntura Ifo, as perspectivas dos exportadores alemães diminuíram em setembro, e estão no nível mais baixo nos Estados Unidos. Na França, o governo apresentou recentemente medidas para apoiar suas exportações fora da União Européia, o ponto fraco da economia nacional.

Uol Economia
27/10/2004