BC ignora queda da inflação e mantém juros em 19,75%
09/01/2009
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira manter a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) nos atuais 19,75% ao ano. A manutenção frustra parte do mercado, que apostava no início de uma queda gradual da taxa, principalmente após a divulgação, nos últimos dias, de dados de inflação abaixo do esperado.
Na reunião do mês passado, o Copom interrompeu seqüência de nove altas consecutivas da Selic.
Em nota, o Copom afirmou que a decisão levou em conta as perspectivas para a trajetória de inflação. A decisão desta quarta-feira foi unânime e a Selic segue sem viés (mecanismo que permitiria uma mudança antes da próxima reunião, marcada para os dias 16 e 17 de agosto).
A avaliação dos economistas é de que, apesar de os indicadores de inflação estarem apresentando melhora, a autoridade monetária deve aguardar confirmações de consolidação dessa tendência antes de afrouxar os juros. A maioria dos analistas prevê corte apenas em agosto ou setembro.
O indicador oficial de inflação do governo, o IPCA, apontou na última semana a primeira deflação (inflação negativa) em dois anos. A queda de 0,02% supreendeu analistas, que apostavam em inflação de até 0,2%. Na segunda prévia de julho, o IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas, mostrou deflação de 0,25%, seguindo a queda de 0,38% no mesmo período.
A deflação faz com que os juros reais do país subam mesmo com a manutenção da taxa Selic. Descontada a inflação anualizada, a taxa brasileira é de 14,1%, o que garante ao Brasil o posto de campeão mundial de juros. Em segundo está a Hungria, com 5,1%.
“A decisão era esperada, mas acreditamos que a ata do Copom abrirá a janela para um corte da Selic em agosto. E sem turbulência mais forte do câmbio o corte vai se materializar”, disse Alexandre Mathias, economista-chefe do Unibanco Asset.
Para Adauto Lima, economista da Westlb do Brasil, o corte da taxa deverá ocorrer a partir de agosto. “O BC confirmou as expectativas do mercado, apesar da melhora recente dos dados de inflação e das projeções. Mas cresce a chance de redução da Selic em agosto porque a inflação vem trazendo surpresas positivas.”
Fonte: INVERTIA
Terra
20/7/2005