As relações comerciais entre Brasil e Itália

19/06/2004

PALESTRA FACULDADE TREVISAN 5/5/2004

Alunos, professores da Faculdade Trevisan e profissionais compareceram, em 5 de maio, ao auditório Fernando Pessoa, na sede da Trevisan em São Paulo para ouvir a palestra do presidente executivo da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria, Edoardo Pollastri, dando seqüência ao ciclo de debates promovidos pelo curso de Relações Internacionais.

Valdemar Bassetto, diretor geral da área de educação da Trevisan, fez abertura do evento saudando todos os presentes e passando a palavra a Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Auditoria, Consultoria e Educação.

Trevisan começou dizendo que se sentia muito à vontade na ocasião, já que possui também a cidadania italiana e, assim como o Pollastri – Comendador da República Italiana – ele é também comendador – da ordem do Rio Branco. Trevisan não pôde deixar de lembrar a vitória do Palmeiras, equipe que representa a colônia italiana em São Paulo, sobre o seu grande rival, o Corinthians, ocorrida no fim de semana anterior.

Edoardo Pollastri iniciou sua fala ressalvando a importância das relações comerciais entre Brasil e Itália, e que esse é um grande benefício para um bom relacionamento. Disse que as relações entre esses paises ainda são muito modestas, mas que vê uma grande tendência de que elas sejam ampliadas, tornando-se mais lucrativas para ambos. “Relações comerciais não significam somente importação e exportação, mas também associações e joint ventures e parcerias”, disse o palestrante.

Em seguida, foi apresentado um quadro comparativo entre Brasil e Itália, mostrando também as oscilações comerciais entre ambos. Foram feitos elogios à administração dos dois últimos presidentes brasileiros, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Para Pollastri, ambos contribuíram muito para a maior visibilidade do Brasil no mercado mundial.

Um dos pontos em que o presidente da câmara Ítalo-Brasileira foi mais incisivo referia-se à questão das médias e pequenas empresa. Falou da importância delas no crescimento da economia italiana, destacando que, hoje, 60 por cento das exportações da Itália são produtos dessas empresas. Lembrou que no Brasil há uma estrutura muito cruel para pequenas empresas que acaba por decretar a falência ou fechamento da maior parte delas em um período de quatro anos após a suas criações. Mostrou exemplos de incentivos que empresas desse porte recebem da Itália, onde aquelas que têm até dez funcionários estão livres de obrigações com sindicatos e de alguns tributos. “Isso obrigou as empresas a se modernizar. Porque para manter esse limite de funcionários e ainda assim ser competitivas elas tiveram de se automatizar ao máximo”, contou Pollastri.

Criticou ainda a facilidade de crédito que se dá ao consumo no Brasil e em relação à dificuldade que encontram as pequenas empresas que precisam de pequenos empréstimos para a compra de máquinas e equipamentos. “Deveria haver no Brasil uma espécie de BNDS para financiar as pequenas empresas. Podem até alegar que esse seria um dinheiro de alto risco. Mas é um preço muito baixo a se pagar para ajudar as pequenas empresas”, concluiu.

Outro ponto importante abordado foi o marketing que se pode ser feito para valorizar produtos de um país. Como exemplo, citou a fama dos sapatos “made in italy”, que têm a sua qualidade associada ao país de origem. E que isso já acontece com o Brasil, no caso da Embraer, mas que poderia ser ampliado para áreas como a agricultura. “O ministro Furlan (Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), em visita a Itália, viu o preço de um sofá italiano e disse que o Brasil precisa vender uma tonelada de soja para conseguir comprar um sofá como aquele. O item mais precioso que esse produto tinha, na verdade, era o bom nome que o design italiano tem no mercado”, completou.

Ao final da palestra, Pollastri respondeu às perguntas dos participantes e depositou muitas esperanças no próximo encontro entre os paises do Mercosul e da Comunidade Econômica Européia. “Será uma grande oportunidade para a América do Sul e para Europa”, disse.